Deputados cobram punição para militares que planejaram morte de Lula, Alckmin e Moraes
Deputados do PCdoB cobraram, nesta terça-feira (19), a punição exemplar dos militares envolvidos na Operação Contragolpe, que planejava matar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A operação foi deflagrada nesta manhã e já prendeu um policial e quatro militares envolvidos no plano.
“Isso é muito, muito grave. A que ponto chegaram! E ainda vão falar de anistia? Tentaram um golpe contra a democracia, agora se sabe que planejaram matar o presidente da República, seu vice e um ministro do STF. Quem afronta a lei tem que ser por ela punido. E exemplarmente”, disse o líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA).
Jerry lembrou que um dos presos pela Polícia Federal – o general da reserva Mário Fernandes – é assessor do deputado e ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Eduardo Pazuello (PL-RJ) e destacou que “na casa da democracia não dá pra ter funcionário golpista perigoso acusado de planejar o assassinato do presidente da República”.
Segundo a Polícia Federal, entre as ações elaboradas pelo grupo havia um “detalhado planejamento operacional, denominado ‘Punhal Verde e Amarelo’, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022″ para matar os já eleitos presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, além da prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, “que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado”, diz a PF.
Até agora foram presos quatro militares do Exército ligados às forças especiais, os chamados “kids pretos”: o general de brigada Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira. Foi preso também o policial federal Wladimir Matos Soares.
A operação foi autorizada como parte do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e a sequência de atos antidemocráticos promovidos ao longo do processo eleitoral de 2022, e que culminaram nos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.
Em fevereiro, uma operação também relacionada ao mesmo inquérito prendeu militares do Exército e um ex-assessor da Presidência e fez buscas contra uma série de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para o vice-líder do Governo no Congresso, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), atentar contra a democracia é inadmissível. “Os envolvidos devem responder rigorosamente por seus atos para que o Estado Democrático prevaleça”, destacou.
A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) reafirmou a gravidade do caso e afirmou que não pode passar impune. “Estamos diante de uma série de atos terroristas que atentam contra a democracia. Não pode haver anistia para golpistas e terroristas! É preciso que haja punições severas para proteger e evitar qualquer ameaça à democracia brasileira”, disse.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também se manifestou. “De uma vez por todas, que paguem por seus crimes nos termos da lei, sob pena de a omissão incentivar novas investidas contra a democracia. Sem anistia”, disse.
A PF chegou aos alvos desta terça ao analisar dados desses militares já investigados no inquérito. Parte dos indícios veio, por exemplo, de material que já tinha sido deletado de aparelhos do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e foi restaurado pelos investigadores. Cid deve depor novamente à Polícia Federal nesta terça. Outra parte, ainda maior, veio dos aparelhos celulares de outros militares, presos em fevereiro.
“Enquanto não estiverem todos presos, seguirão ameaçando nossa democracia. Sem anistia para golpistas”, reforçou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), as revelações de nova operação da PF são “gravíssimas”. Segundo ela, “as investigações mostram que ainda temos um longo caminho a percorrer em defesa da democracia e pela responsabilização total de todos os atores, e mandantes, não só daquele trágico 8 de janeiro, mas dessa rede do ódio, da mentira, da violência e do golpe que infelizmente se instalou no Brasil e ainda segue ativa”. “A democracia exige medidas firmes na defesa do Estado Democrático de Direito e nela não cabe anistia a criminosos”, afirmou.