Em entrevista coletiva, os líderes dos partidos progressistas na Câmara dos Deputados exigiram nesta terça-feira (5) a punição aos deputados de extrema direita que ocuparam a mesa do plenário para cobrar que o projeto de anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro seja pautado.

Com o objetivo de livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da prisão pela tentativa de golpe de Estado, os bolsonaristas impedem votações de projetos importantes, como o da isenção do imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil .

Por telefone, os líderes conversaram com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que interrompeu uma agenda no seu estado para se deslocar a Brasília e pôr ordem na situação.

A mesma ação vexaminosa foi protagonizada por senadores para que o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) coloque em pauta o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da ação penal que determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro.

“Todos nós que estamos aqui conhecemos bem os fatos e agora o que está em curso é o bolsonarismo querendo interromper a agenda do Congresso e a agenda do país para impor o tumulto, para impor a balbúrdia, para impor a desordem, para impor a bagunça”, afirma o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE).

O deputado lembra que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desenvolve uma “bagunça” no mundo inteiro com taxações arbitrárias sobre todas as nações do mundo.

“Não é só sobre o Brasil. E sobre o Brasil ele coloca componentes inaceitáveis, porque fere a nossa autonomia, a nossa soberania e os nossos interesses comerciais e econômicos, como país e como nação”, disse, referindo-se ao argumento de Trump sobre perseguição a Bolsonaro para taxar os produtos brasileiros.

“Isso é inaceitável, isso viola a Constituição e o regimento da Casa, precisa ter punição. E é importante dizer que eles atacam o Executivo e o Judiciário. Aproveitamos  para prestar solidariedade aqui ao ministro Alexandre de Moraes, que merece toda a nossa solidariedade pelas decisões que tem tomado em defesa da democracia e da soberania dos poderes”, protesta a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Bolsonaristas impedem sessão na Câmara (Foto: Reprodução do X)

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), considera a ação um ataque violento ao parlamento.

“Todas as instituições estão sendo ameaçadas nesse momento. Nós saímos do plenário, todos os nossos parlamentares estavam inscritos para falar. Foram proibidos e nós estamos esperando o presidente da casa chegar para reestabelecer os nossos trabalhos. É inadmissível que queiram parar na força o trabalho do parlamento brasileiro. Isso nós não vamos aceitar”, disse.

“Então estamos à espera do presidente. Cada um desses deputados que ocuparam a mesa dessa forma, forma autoritária, podem e vão ser responsabilizados e têm que ser responsabilizados no Conselho de Ética, inclusive”, completa.