Por 277 votos a 129 e 28 abstenções, deputados mantiveram a prisão preventiva de Chiquinho Brazão (Sem Partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018, no Rio de Janeiro.

Mais cedo, os deputados já haviam endossado a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) na Comissão de Constituição e Justiça, aprovando por 39 votos contra 25 o relatório do deputado Darci de Matos (PSD-SC). O parlamentar afirmou em seu parecer que foi “claramente” configurado o flagrante do crime apontado e os “atos de obstrução” da investigação.

Chiquinho Brazão foi preso no dia 24 de março, por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, referendada pela primeira turma daquela Corte, junto com o irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, acusado de participar ativamente do plano.

Em nome da bancada do PCdoB, o líder da legenda, Márcio Jerry (MA), afirmou que “imunidade parlamentar não é impunidade para cometimento de crimes”. “Esse debate da imunidade parlamentar não pode ser manchado de sangue. O PCdoB vota sim pela manutenção da prisão, por justiça e para que este caso seja totalmente esclarecido”, afirmou.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que “evidências claras comprovaram que o deputado Chiquinho Brazão foi o mandante do assassinato de Marielle e Anderson”. “Não podemos deixar que a imunidade parlamentar seja suja de sangue”, comemorou.

“Manter a prisão é reforçar o nosso compromisso com a população brasileira. Durante esses seis anos de investigação, Brazão fez tudo o que pôde para obstruir a justiça, caso tivesse sido solto, a postura não seria diferente. Nós que votamos a favor estamos do lado certo da história”, destacou a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) contou que a votação foi tensa, pois havia uma articulação da ala bolsonarista para tirar Chiquinho da prisão. “Foi muito tenso. Havia preocupação com essa resposta do Parlamento. Estamos tratando de um crime bárbaro. Não poderíamos de forma alguma faltar nesse momento à sociedade, à Marielle, ao Anderson, às suas famílias, à democracia. Esta foi uma vitória importante no caso Marielle, que teve no governo Lula apoio importante para avançar”, destacou Jandira.

Orlando Silva (PCdoB-SP) pontuou que nesta noite foi feita justiça por Marielle e Anderson. “Demos mais um passo para elucidarmos esse caso dramático de violência política, de gênero, que entristeceu o Brasil e o mundo”, disse.