Venho a público denunciar e repudiar a violência contra as populações indígenas nos últimos anos no estado do Mato Grosso do Sul e, particularmente, o massacre das últimas semanas. Me somo à declaração da Anistia Internacional, às organizações indígenas, parlamentares regionais e federais, e aos demais povos indígenas que se encontram mobilizados pela suspensão imediata da violência contra os Guarani Kaiowá e pela investigação célere e independente do caso para assegurar os direitos fundamentais, principalmente, o direito originário à terra, reconhecidos pela Constituição Federal e pelos tratados internacionais assinados pelo Brasil.

Os Guarani, na defesa de seu território tradicional demarcado e homologado desde 2005, decidiram retomar suas terras ocupadas por fazendeiros locais após 10 anos de decisão. Como expressam as lideranças indígenas: “Terra para nós não é negócio, terra para nós é Mãe, é Vida, a terra está sendo revirada”.

Após acordo firmado com o Ministério da Justiça, o destacamento da polícia militar se deparou novamente, nesta primeira semana de setembro, com um número expressivo de fazendeiros que invadiram a Terra Indígena Tekoha Guyra Kambi’y. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está mediando a negociação entre fazendeiros, índios, o Ministério Público e o Poder Judiciário, com a participação do governo do estado, objetivando buscar uma solução entre as partes envolvidas.

As violências contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul, em especial contra o povo Guarani Kaiowá vêm liderando o ranking de violências contra as populações indígenas nos últimos anos. O estado que mais mata índios do Brasil é o Mato Grosso do Sul. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), apenas em 2014 foram 41 ocorrências, quase 30% do total nacional.

Abaixo o massacre!

Jandira Feghali
Deputada Federal (PCdoB/RJ)
Líder do PCdoB na Câmara dos Deputados