Quase três horas depois do início da audiência pública que ouviu os autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o presidente da comissão especial que analisa o tema, Rogério Rosso (PSD-DF), terminou a reunião sem que parlamentares governistas pudessem questionar Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal.  A sessão que já estava tensa ganhou ares de briga de rua, com empurrões e bate-boca entre o deputado Caio Narcio (PSDB-MG) e o líder do PSol, Ivan Valente (SP), que questionava o fim da audiência ao lado do líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA) e do petista Henrique Fontana (RS).

“Protestamos contra a decisão de encerrar a sessão sem permitir que líderes e parlamentares inscritos falassem. É mais um golpe, porque contraria o que foi acertado no Colégio de Líderes. Como é uma audiência pública poderia continuar mesmo com o início da Ordem do Dia. Isso demonstra que eles não querem discutir o assunto, porque não têm argumentos. É um cerceamento do debate e da defesa”, conta o deputado Daniel Almeida.

A primeira audiência também foi marcada por falas contundentes dos autores do pedido de impeachment, reafirmando a existência de crime de responsabilidade no governo Dilma. Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal elencaram artigos e leis, que, supostamente, justificam a peça apresentada em 2015.

No entanto, para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), membro do colegiado, os juristas cometeram uma série de confusões no discurso e no documento que embasa o impedimento de Dilma.

“A peça é de uma fragilidade que dá vontade de chorar. Eles vieram aqui fazer um discurso político. Miguel Reale Junior sequer ficou para responder aos questionamentos dos deputados. Os discursos aqui foram de uma confusão imensa. Foi completamente fora do que a Constituição diz e a Lei de Responsabilidade Fiscal diz. Os atos do governo são absolutamente legais. Só que eles não conseguem ouvir as pessoas e aí agridem. Amanhã vamos dar um banho e um show”, afirma a parlamentar.

Nesta quinta-feira (31), a Comissão Especial do Impeachment ouvirá a defesa do governo, com depoimentos do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e do professor de Direito Tributário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Lodi Ribeiro.