Nesta quarta-feira (10), a Câmara dos Deputados deve decidir se mantém ou não a ordem de prisão contra o deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Brazão foi preso preventivamente sob a acusação de mandar executar a ex-vereadora Marielle Franco (PSol-RJ), em 2018.

Uma articulação entre as bancadas do PP e do União Brasil, ex-partido do parlamentar, prevê a liberação das bancadas, o que pode levar à rejeição da medida.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA), “não há como contaminar com o sangue de um crime hediondo a imunidade parlamentar”.

“Ainda não creio que a maioria da Câmara irá cometer o absurdo de liberar o ainda deputado Chiquinho Brazão, preso como um dos suspeitos do assassinato de Marielle e Anderson. Não há como contaminar com o sangue de um crime hediondo a imunidade parlamentar. Hoje é dia de confirmar a prisão preventiva”, afirmou Jerry.

O tema volta à pauta da Câmara nesta quarta-feira (10), após o pedido de vista feito por deputados bolsonaristas no dia 26 de março na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania da Câmara (CCJ). Na ocasião, o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), membro da CCJ, lamentou a decisão. “Traz uma grande frustração para todos. Precisamos continuar na defesa de que o crime seja completamente esclarecido e que todos os culpados sejam responsabilizados”, destacou.

Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que “a tropa de choque do bolsonarismo entrou em campo para blindar quem tem uma acusação gravíssima, o de ser o autor intelectual do assassinato de Marielle”.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), para o devido esclarecimento do crime, a manutenção da prisão de Brazão é fundamental. “A CCJ vota agora a manutenção da prisão preventiva de Chiquinho Brazão. Sem a preventiva, o deputado pode fugir do país ou atrapalhar investigações. O caso ainda não está totalmente esclarecido, por isso, manter essa prisão é crucial”, disse.

Depois da CCJ, a prisão precisa ainda ser confirmada por maioria absoluta dos deputados em votação aberta no Plenário.

Por ordem do STF, a Polícia Federal deflagrou dia 24 de março a Operação Murder Inc, que prendeu de forma preventiva Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime.

Chiquinho nega envolvimento e afirma que tinha “boa relação” com Marielle quando ambos eram vereadores na Câmara Municipal do Rio. O parlamentar foi cassado por unanimidade pelo União Brasil no mesmo dia da prisão preventiva.