A manhã desta quarta-feira (9) começou agitada para quem atentou contra o Estado Democrático de Direito. Uma operação da Polícia Federal destinada a investigar o uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral de 2022 prendeu, preventivamente, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques.

A operação Constituição Cidadã cumpriu 10 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. A operação conta com o apoio da Corregedoria Geral da PRF, que determinou ainda a oitiva de 47 policiais rodoviários federais. Silvinei Vasques foi preso em Florianópolis (SC).

Deputados do PCdoB afirmam que prisão é resposta àqueles que atentaram contra a democracia.

“A prisão de Silvinei Vasques é mais um importante avanço contra aqueles que atentaram contra nossa democracia. Silvinei foi o responsável por dar ordem de blitz para tentar impedir o voto dos eleitores de Lula. A justiça está sendo feita”, afirmou o vice-líder do Governo no Congresso, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), afirmou que os bolsonaristas quiseram ganhar as eleições “no tapetão das rodovias”, mas não tiveram êxito. “Justiça neles”, declarou.

Já a vice-líder da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB, PV), deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), destacou que “lugar de golpista é na cadeia”.

“Os agentes públicos que atentaram contra a democracia, tentaram roubar a eleição e dar golpe não ficarão impunes”, declarou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) em suas redes sociais.

Em 30 de outubro, dia do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, agentes da PRF realizaram blitze por todo o país. Na região Nordeste, onde Lula (PT) tinha vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de intenção de voto, 2185 ônibus passaram por fiscalização. A região deu 32 milhões (66,7%) de votos para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, havia proibido a PRF de conduzir operações que pudessem afetar o transporte público de eleitores, fosse pago ou gratuito, sob pena de responsabilização criminal do diretor-geral da corporação em caso de descumprimento. A ordem, no entanto, foi desrespeitada pela PRF.

Na véspera do pleito, o então diretor-geral da PRF havia declarado voto no candidato a reeleição, Jair Bolsonaro.
Além de Silvinei, outros agentes foram alvos de busca e apreensão: Luis Carlos Reischak, ex-diretor de Inteligência; Rodrigo Hoppe, ex-diretor de Inteligência Substituto; Wendel Benevides, ex-corregedor-geral; Bruno Nonato, ex-PRF e hoje na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); Anderson Frazão, ex-coordenador-geral de Gestão Operacional; Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações; e Antonio Melo Schlichting Junior, ex-coordenador-geral de Combate ao Crime.

Segundo a PF, os crimes investigados incluem prevaricação (que é quando um servidor público deixa de exercer o seu dever); violência política (impedir, com emprego de violência física, sexual ou psicológica, o exercício de direitos políticos); e impedir ou atrapalhar a votação (crime previsto no Código Eleitoral).

O inquérito para apurar essas operações da PRF em rodovias foi aberto ainda em novembro de 2022.