BC é pressionado a reduzir taxa de juros abusiva
Sob forte pressão, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define nesta terça (1º) e quarta-feira (2) a nova taxa básica de juros que atualmente está em 13,75%, a maior do planeta e considerada impeditiva para o crescimento da economia.
No meio político e empresarial a expectativa é grande para que o BC comece um ciclo de redução da taxa, pois os indicadores da economia são favoráveis como a redução da inflação e crescimento do PIB.
A insistência em manter o atual patamar tem resultado em severas críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado de Bolsonaro ao cargo e considerado um sabotador da economia brasileira.
O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PE), diz que as boas notícias econômicas justificam a redução da taxa.
“O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou deflação de 0,07 em julho, 11 pontos percentuais abaixo da taxa registrada em junho. E a agência de classificação de risco Fitsh subiu a nota do Brasil, elogiando o ‘desempenho macroeconômico e fiscal’. Agora o Banco Central precisa baixar a taxa selic para o crescimento econômico deslanchar de vez!”, cobrou o parlamentar.
O líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), diz que não há argumentos para manter o atual patamar de juros.
“Análise demonstra que o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo. Ao mesmo tempo que tem a inflação entre as mais baixas do planeta. O BC está impedindo o crescimento do país, pois não há justificativa técnica para juros tão altos”, criticou.
Empresários
Num encontro recente com empresários do setor da construção, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ouviu deles que é essencial a queda dos juros.
“Nós mencionamos ao ministro que a taxa de juros real do Brasil é a maior do mundo e que nenhuma empresa, de qualquer setor, tem condições de lidar com isso”, disse o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, em entrevista ao Estadão.
Num encontro com líderes varejistas, em São Paulo, o presidente do BC ouviu da empresária Luiza Trajano que os juros estão insuportáveis.
“A despesa financeira subiu para 32% para qualquer um de nós aqui. Ninguém aguenta isso”, disse a empresária que cobrou que o corte na Selic não seja apenas de 0,25 ponto percentual, porque “é muito pouco”.