Pronunciamento do Líder Osmar Júnior em debate sobre a crise internacional no plenário da Câmara dos Deputados:

Sr. Presidente,

O recente agravamento da situação financeira internacional, envolvendo a União Europeia e os EUA não é uma nova crise, mas sim, mais um evento da crise capitalista iniciada nos anos de 2007-2008.

O que vemos agora como crise fiscal dos grandes países capitalistas é consequência direta daquela crise financeira, tendo como causa imediata o resgate do sistema financeiro realizado por esses estados em 2008, que só aos EUA custou mais de três trilhões de dólares. Muitos outros trilhões de dólares e de euros vieram sendo emitidos para tentar manter essas economias fora da depressão, enquanto as receitas tributárias se reduziram.

O custo dessa crise e dessa expansão fiscal, infelizmente, não vem sendo pago só pelos países capitalistas centrais, mas vem criando problemas sucessivos aos países emergentes e aos demais países em desenvolvimento. Nós do Brasil tivemos o crescimento do nosso PIB deprimido em 2009, e ao nos recuperarmos, tivemos que enfrentar a sobrevalorização artificial de nossa moeda e um surto inflacionário basicamente importado dos mercados de commodities.

Esta é uma situação grave, que pode ter desdobramentos muito preocupantes para o mundo e também para o Brasil. No início da crise, em 2008, graças à firme condução do governo Lula, pudemos rapidamente, a partir do final do ano seguinte, recuperar o crescimento, retomando o investimento, as nossas exportações, o consumo interno, e, em especial, continuamos reduzindo a pobreza e melhorando a distribuição de renda. A chave desse sucesso foi a ação do Estado incentivando com políticas fiscal e creditícia a atividade econômica.

A recuperação do Brasil frente ao início da crise foi, de fato, inédita em nossa história de país dependente. O que denota que algo vem mudando no mundo e também no Brasil.

Com esse novo agravamento da crise, novas ameaças pairam sobre o nosso processo de desenvolvimento. Como diz a presidente Dilma, o Brasil não é uma ilha, mas estamos agora mais preparados para enfrentar essa nova crise do que estávamos em 2008. Temos mais reservas, mais experiência e, principalmente, já provamos que o Brasil pode sair de uma crise internacional melhor do que nela entrou.

Recentemente, o Plano Brasil Maior já trouxe uma contribuição importante para nossa competitividade. Hoje, vimos os reajustes nos limites do Simples Nacional, anunciados pelo Ministro Mantega, como mais uma contribuição à produção e ao consumo interno.

Agora, precisamos avançar com mais ousadia. Primeiro, quanto à política cambial para recuperar o valor do Real em um nível mais compatível com nossa condição econômica, melhorando nossa competitividade, e evitando que, mais tarde, nova valorização artificial não nos seja novamente imposta. E segundo, impondo um controle mais restrito ao fluxo de capitais externos.

O sucesso do Brasil contra a crise internacional exigirá, mais do que nunca, a unidade política do governo Dilma, de sua base aliada no Congresso Nacional e o apoio da sociedade, de empresários e trabalhadores, para que avancemos mais em nossas políticas econômicas, derrubando os dogmas neoliberais que ainda as acorrentam.