Nesta sexta-feira (25), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) completa 100 anos. Além de intensa programação em Niterói (RJ), no Festival Vermelho, os parlamentares celebraram a data em suas redes sociais e destacaram a importância histórica da legenda em defesa dos interesses do povo.

“O 25 de março estará sempre na história brasileira como o dia em que 9 trabalhadores iniciaram a jornada do mais longevo partido do país. Atendiam a uma necessidade histórica: construir o instrumento de emancipação da classe. Era a semeadura da grande e frondosa árvore do movimento comunista no Brasil, agora amadurecido e organizado como partido”, destacou o deputado Orlando Silva (SP).

Três meses após sua fundação, o Partido Comunista experimentou a primeira de uma longa trajetória de perseguições, sendo colocado na ilegalidade. Naquela época, os comunistas já lutavam por democracia e direito de voto para as mulheres, direitos e liberdades civis, limitação da jornada de trabalho, salário mínimo, licença maternidade, seguridade social, assistência médica gratuita.

Orlando traçou uma linha do tempo com os principais acontecimentos relacionados à legenda e à história do país. Lembrou que em 1935, os comunistas criaram a Aliança Nacional Libertadora, sob a liderança do recém-ingresso Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança.

“Diante do rápido avanço – em poucos meses, a ANL já contava com 1600 núcleos no país -, a repressão impediu seu funcionamento. Após o Levante de 1935, os comunistas foram perseguidos, presos, mortos e torturados. Prestes foi condenado a 47 anos de prisão, Olga Benário, sua esposa, entregue grávida à Alemanha nazista. Em 37, um falso plano serve de pretexto para endurecer o regime, o chamado Estado-Novo. Clandestino e sob dura perseguição, se reorganizou na Conferência da Mantiqueira, em 1943. Lutou para que o Brasil entrasse na guerra contra o eixo nazifascista. Vencido o horror hitlerista, ventos democráticos sopraram pelo mundo, inclusive aqui, com a liberdade de Prestes. O PCdoB crescia e se organizava, chegou a 200 mil filiados”, pontuou.

Em 1946, o Partido Comunista do Brasil elegeu importante e influente bancada na Assembleia Constituinte. Prestes, Amazonas, Grabois e Marighella foram eleitos. O escritor Jorge Amado foi deputado comunista e escreveu a emenda da liberdade religiosa na Constituição.

Em 1947, o registro do Partido e os mandatos de seus parlamentares foram cassados. Mesmo na clandestinidade, os comunistas foram centrais em movimentos como “O Petróleo é nosso” e a “Greve dos 300 mil”, em São Paulo.

Em 1961, os comunistas apoiaram a Campanha da Legalidade, liderada pelo então governador gaúcho Leonel Brizola, que garantiu a posse de Jango na Presidência da República.

Diante dos debates do XX Congresso do PCUS, o movimento comunista sofre uma cisão mundial. Em 1962, no Brasil, a partir da Carta dos Cem, o PCdoB se reorganiza, sob a liderança de João Amazonas. Vem o golpe de 1964, a repressão brutal e longos 21 anos de ditadura.

O PCdoB organizou a Guerrilha do Araguaia, de heróis como Osvaldão e Helenira Rezende, o maior movimento de luta armada contra a ditadura. Sobreviveu a uma covarde tentativa de aniquilamento, na conhecida Chacina da Lapa, em 1976. A luta haveria de conquistar novos tempos.

Em 1979, com a Anistia e a luta pela democratização, as massas foram às ruas exigir o fim da ditadura. O PCdoB participou ativamente das Diretas Já! Quando a emenda Dante de Oliveira foi derrotada, o PCdoB não ficou de birra: foi ao colégio eleitoral para eleger Tancredo Neves.

Em 1985, o Brasil elegia seu primeiro presidente civil após 21 anos. O PCdoB voltava à legalidade e seria fundamental na Constituinte, com mais de mil emendas apresentadas, grandes parlamentares como Haroldo Lima, Aldo Arantes, Edmilson Valentim, Eduardo Bonfim e Lídice da Mata.

Em 1989, o PCdoB forjou a histórica aliança Frente Brasil Popular com PT, PSB, liderada pela candidatura de Lula. A vitória não veio, mas viria em 2002, abrindo um ciclo progressista que durou até ser golpeado em 2016.

“As eleições de 2018 representaram uma ruptura com o ciclo aberto desde a redemocratização. Pela primeira vez, um fascista chegou à presidência através do voto. O PCdoB entendeu seu papel e lutou pela frente ampla contra Bolsonaro. Derrotá-lo e reconstruir o Brasil é o centro. Vivo, altivo e presente em todas as lutas por democracia e direitos para o povo nos últimos 100 anos, o PCdoB é um partido imprescindível. Tenho orgulho de ser parte dessa história e viver esse momento”, celebrou Silva.

A história de resistência e lutas também foi enaltecida pelo líder da legenda na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE). “São décadas de luta em favor do Estado democrático de direito, da equidade e da justiça social. Sinto muito de orgulho de fazer parte dessa trajetória histórica em defesa do povo brasileiro. Seguiremos mobilizados renovando nossa esperança em um país socialmente justo e desenvolvido.”

Vice-presidente do partido, a deputada Jandira Feghali (RJ), que também coordena a organização do Festival Vermelho, que tem início nesta sexta-feira, em Niterói, ressaltou seu orgulho em fazer parte da legenda. “Todos os dias, sinto orgulho e honra por ser parte do PCdoB. Hoje, no dia do centenário do partido, ainda mais. Tenho o privilégio de estar, há 40 anos, lutando ao lado dos nossos camaradas. É impossível falar de democracia em nosso país sem mencionar o PCdoB. Viva!”, celebrou.

Legenda programática, o PCdoB mantém quadros com longa trajetória. Assim como Jandira, o deputado Daniel Almeida (BA) está no partido há 40 anos e reafirmou seu orgulho em fazer parte da bancada. “É uma grande honra estar desse lado da história. Vamos continuar na luta para renovar a esperança em nós e no nosso país”, disse.

Vice-líder da Oposição, a deputada Perpétua Almeida (AC) é quadro do PCdoB há 30 anos, desde que saiu da vida religiosa. “O PCdoB é meu Partido, há 30 anos, desde que saí da vida religiosa, no convento das Irmãs Dominicanas. O PCdoB é imprescindível! Aliado do povo brasileiro na luta por moradia, trabalho e comida. Viva essa bancada dedicada e combativa!”, comemorou.

Parlamentar combativa e de papel importante na recentes conquistas no Parlamento pela aprovação da urgência do piso salarial da enfermagem e aprovação do piso dos agentes comunitários de saúde e de combate às endemias, a deputada Alice Portugal (BA) afirmou que apesar da longa trajetória, o PCdoB se renova a cada dia, e permanece alinhado com as demandas da população.

“100 anos depois, a história do PCdoB está entrelaçada com a história do povo brasileiro. Nós temos a digital impressa nas mais importantes lutas que a nossa gente se envolveu por sua soberania e pelos direitos sociais! Somos história, mas somos juventude. Somos resistência, mas somos renovação. O PCdoB é escola, é ferramenta de transformação e de revolução. Somos o partido dos comuns e lutamos por uma sociedade onde as pessoas valham pelo que são e não pelo que têm. Somos luta, resistência, esperança”, destacou.

A deputada Professora Marcivânia (AP) afirmou que o PCdoB é um partido que pratica o que prega, interna e publicamente. “Os valores que nos movem são os da empatia, do acolhimento, da solidariedade, da liberdade e, sobretudo, da indignação contra qualquer forma de miséria e opressão. Ser do Partido Comunista do Brasil representa muito mais do que a simples militância partidária, representa sobretudo, integrar uma comunidade de afetos generosos. Um lugar onde o indivíduo na sua particularidade, nas suas limitações e talentos, agiganta-se em um coletivo que generosamente potencializa o seu talento e minimiza suas limitações. É inequívoca a importância institucional ímpar do PCdoB para a construção da democracia e da civilização brasileira”, afirmou.