A semana iniciou com mais uma crise para o governo federal. Desta vez, gravações inéditas publicadas pelo portal UOL apontam o envolvimento direto do presidente Jair Bolsonaro num esquema de rachadinha enquanto exerceu mandato como deputado federal, entre os anos de 1991 e 2018. A denúncia foi feita pela ex-cunhada de Bolsonaro Andrea Siqueira Valle. Segundo ela, seu irmão foi demitido por ter se recusado a devolver a maior parte do salário como assessor do então deputado.

A prática, que ganhou destaque na imprensa nas investigações envolvendo o mandato de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, configura o crime de peculato, segundo o artigo 312 do Código Penal e dá cadeia. 

Lideranças do PCdoB repercutiram a notícia e afirmaram que Bolsonaro, além de genocida – por sua omissão no combate à pandemia no Brasil – é também corrupto e deve sair do Palácio do Planalto direto para a cadeia, caso o embolso de parte da remuneração de seus funcionários seja confirmado.

“O caso das rachadinhas, crime de peculato, embolso de dinheiro público, agora tem denúncia da ex-cunhada envolvendo o próprio Bolsonaro. Jair Rachadão. Bolsonaro, além de genocida, é um político ladrão. Esse vai sair do Palácio de camburão”, afirmou o vice-líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP).

As declarações publicadas pelo UOL indicam que Bolsonaro participava diretamente da rachadinha. “O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'”, relatou Andrea.

Para a vice-líder da Oposição, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) Bolsonaro não tem mais condição política ou ética de seguir presidente. “Além do crime de prevaricação no esquema das vacinas, as rachadinhas voltam a atormentar seu governo: gravações inéditas do UOL mostram que ele demitiu servidor do seu gabinete que se recusou a devolver salário”, destacou.

A vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também se manifestou demonstrando a gravidade da denúncia. “Pode chamar de corrupto sim! Gravações inéditas publicadas pelo UOL apontam a existência de um esquema de rachadinha no gabinete de Jair Bolsonaro quando ele era deputado federal, entre 1991 e 2018. Ele sabia de tudo e mandava demitir quem não devolvia parte do salário”.

No mesmo sentido reagiu a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA): “Ladrão de salário, ladrão de vacina… tudo em família! De pai para filho!”.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) afirmou que a lista de crimes de Bolsonaro parece interminável. “Negligência de vacinação, afronta à Constituição, tentativa de interferência na PF, crime de responsabilidade, genocídio, propina, e agora acusação de rachadinha em depoimentos feitos pela ex-cunhada. A lista de crimes de Bolsonaro parece interminável. Impeachment já”, cobrou.

Já a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) afirmou que as denúncias de corrupção envolvendo o governo e o próprio presidente Bolsonaro tornaram-se rotineiras e destacou que Bolsonaro não tem mais condições de conduzir o país. "A cada semana aparecem comprovações de que esse governo não tem qualquer condição técnica, política e moral de seguir conduzindo a nação. É urgente que tenhamos mudança."

As denúncias foram divididas em três reportagens. Além da denúncia de Andrea, outros áudios mostram que um coronel do Exército, Guilherme dos Santos Hudson, ao lado do ex-PM Fabrício Queiroz, recolhia os salários dos servidores; e a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, chama Jair Bolsonaro de "01", indicando-o como chefe do esquema de roubo do dinheiros dos funcionários dos gabinetes do clã.