Um dia depois de denunciar o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bin, por beneficiamento de madeireiros ilegais na Amazônia no Supremo Tribunal Federal (STF), o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, foi demitido. Em seu lugar deve assumir o delegado Leandro Almada.

A decisão foi tomada pelo recém empossado diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, nesta quinta-feira (15). Saraiva e Salles divergem sobre a postura do ministro em relação à maior apreensão de madeira do Brasil. O delegado criticou Salles, dizendo ser a primeira vez que viu um titular da Pasta se posicionar contra uma ação que mira preservar a floresta amazônica.

“Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse Saraiva à Folha de S.Paulo, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial de abril de 2020.

O assunto está entre os mais comentados do dia no Twitter e também repercutiu no Parlamento. Em sua conta na rede social, o vice-líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP), criticou a demissão de Saraiva.

“É um absurdo! O chefe da Polícia Federal no Amazonas denuncia Ricardo Salles, o Desministro do Ambiente, por embaraçar investigações e acobertar crimes ambientais. O que um governo normal faria? Trocaria o ministro. O que faz o desgoverno Bolsonaro? Demite quem denunciou”, destacou o parlamentar.

Quando a denúncia contra Salles foi divulgada, a deputada Professora Marcivânia (AP), ironizou a grave situação em sua conta no Twitter: “PF tem que ir ao STF para tentar retomar as condições normais de trabalho que estão sendo dificultadas pelo próprio governo, pelo Ministério do Meio Ambiente e Ibama, que possuem dever legal de fazer exatamente o que não estão fazendo e dificultam que seja feito. "Pode isso, Arnaldo?!".

No documento encaminhado ao STF, Saraiva acusou Salles de atrapalhar medidas de fiscalização. O documento pede a investigação em cima de condutas como a dificultação de ação fiscalizadora e por "fortes indícios" de advocacia administrativa, patrocinando interesses privados.