Em Miami, durante um evento com apoiadores brasileiros, nesta segunda-feira (9), Jair Bolsonaro voltou a atacar as instituições do país. Sem qualquer prova, o presidente da República colocou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob suspeição ao questionar a lisura do pleito de 2018.

Em um discurso de 30 minutos, Bolsonaro afirmou que houve fraude eleitoral e que foi eleito no primeiro turno. Segundo ele, é preciso aprovar um sistema seguro de apuração de votos no Brasil “e que, se bobear, a esquerda pode voltar ao poder em 2022”.

"Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito no primeiro turno, mas, no meu entender, teve fraude", disse Bolsonaro.

O presidente, no entanto, não apresentou qualquer indício de fraude e também se esquivou das perguntas sobre o assunto.

A declaração foi criticada por parlamentares do PCdoB. Para a líder da legenda na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), Bolsonaro avançou mais um degrau rumo ao autoritarismo. “Assume que está no comando das manifestações contra o Congresso e STF; coloca o TSE sob suspeição ao dizer ter prova que ganhou eleição no primeiro turno; indica que não aceitará ser derrotado na eleição de 2022”, pontuou.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou Bolsonaro de inconsequente e cobrou as provas. “Apresente as provas, então! Ou, se não as tiver – como é óbvio que não tem -, que seja punido exemplarmente. O Brasil não aguenta mais ser governado por um crime de responsabilidade contínuo”, afirmou.

A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reiterou a irresponsabilidade de Bolsonaro. Para ela, é “muito grave” a declaração do presidente. “Não é apenas uma bravata. Ele peita o Tribunal Superior Eleitoral, acusa publicamente de fraude e diz "que tem provas". É muita irresponsabilidade com a República! O que farão as instituições envolvidas diante disto?”, questionou.

Já a vice-líder da Minoria, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), afirmou que Bolsonaro ataca mais uma instituição do país num momento em que os índices econômicos colocam seu governo na mira.

A segunda-feira foi marcada por um dia de caos na economia mundial, com o petróleo registrando a maior queda desde a Guerra do Golfo, em 1991, em razão do acirramento das relações entre Arábia Saudita e Rússia, e a Bolsa de Valores brasileira despencar mais de 10% e o dólar comercial bater R$ 4,78 no país.

“O país vive um momento difícil, com a economia derretendo, desemprego e o presidente não está se importando com o cenário. Cortina de fumaça. Ele não pode ficar impune”, destacou.

O vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA) buscou facilitar a equação. “É simples: ou o  Jair Bolsonaro prova que houve fraude em 2018 ou terá cometido crime de responsabilidade”, definiu. 

Em nota, o TSE reafirmou “a absoluta confiabilidade e segurança do sistema eletrônico de votação e, sobretudo, a sua auditabilidade, a permitir a apuração de eventuais denúncias e suspeitas, sem que jamais tenha sido comprovado um caso de fraude, ao longo de mais de 20 anos de sua utilização”.