“As Forças Armadas não entrarão em uma aventura para levar o País ainda mais ao confronto e à crise econômica”, afirmou a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), durante pronunciamento na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) nesta quarta-feira (4).

A parlamentar analisava a conjuntura nacional e nela as declarações do Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, publicadas em sua conta no twitter, segundo o qual o Exército compartilha do “anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade” adicionando que a instituição continuará atenta “às suas missões institucionais”.

Golpe militar

Jô Moraes destacou a gravidade do momento, às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao considerar as declarações do comandante do Exército: “Evidente que considero inadequados o momento e talvez as palavras que o comandante Villas Bôas usou ontem. Porque a sociedade está em polvorosa e o comandante Villas Bôas  é o homem que disse ‘não há atalhos fora da Constituição’. Por isso, eu tenho certeza que isso não irá levar a um golpe militar, tenho convicção desta movimentação”, afirmou.

  Embora destacasse a convicção de que nem o general, nem as Forças Armadas tenham o propósito de alterar a situação política e institucional, a parlamentar ressalvou a existência de “forças que têm interesse nisso, inclusive forças que são da Reserva”,  mas neste momento, quero acreditar no equívoco do momento e da oportunidade, às vésperas de uma decisão do Supremo, que foi apenas um equívoco inoportuno”, reiterou.

Digitais

  Em seu pronunciamento, Jô Moraes alertou para o fato de o país ainda não ter encontrado saídas para a grave crise vivida. “Saída econômica, pacto político, garantia da soberania, manutenção dos direitos sociais. E em um momento como este, o pior caminho que temos é o caminho ao estímulo ao ódio, dos conflitos nas ruas”, disse. Ela manifestou a certeza de que “instituições da sociedade – a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as centrais sindicais, o Parlamento, todas igrejas, ecumênicas, evangélicas, estarão, na próxima semana, pactuando a convivência. Não podemos ser um país em que um ex-presidente vai ali e alguém atira. É um absurdo que alguém vá deter as pessoas que estão aí. Nós precisamos de paz”, disse.

Jô Moraes lembrou ainda que estamos em ano eleitoral: “Por isso, tenho certeza, e aqui eu faço uma declaração de convicção: as Forças Armadas não entrarão numa aventura institucional para alterar o Estado Democrático de Direito e as instituições que estão aí. Nós estamos às vésperas de uma eleição. As eleições são as digitais da soberania do povo”.

Na sessão da CREDN, que elegeu por unanimidade o deputado Nilson Pinto (PSDB-PA) presidente do colegiado neste ano, em substituição à também tucana, Bruna Furlan, Jô cumprimentou a ambos e manifestou o desejo de que Nilson “seguirá os mesmos passos dos presidentes que buscaram ter a política externa e a soberania nacional como bandeiras”.