A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (3), a admissibilidade da proposta de reforma política proveniente do Senado Federal. A análise da proposição vinha sendo adiada desde o início de abril. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16 veda as coligações entre partidos nas eleições para deputado (federal e estadual) e vereador a partir de 2020, e estabelece cláusula de desempenho para o funcionamento parlamentar das legendas depois de 2018.

A reunião foi marcada por divergências entre parlamentares e por diversos requerimentos que pediam adiamento da discussão e a retirada de pauta da matéria. O deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA) defendeu a admissibilidade do fim das coligações, mas a inadmissibilidade da cláusula de desempenho. “A consequência prática dessa PEC é restringir a atuação partidária para apenas 11 legendas. O fundamento da Constituição é justamente o pluralismo político”, defendeu.

A presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE) também acredita que a PEC é “um tiro no pé”. “Embora seja uma necessidade estruturante para a democracia brasileira, a reforma que se debate aqui, ao invés de resolver a crise de representatividade, acentua os principais defeitos do sistema político”, avalia a parlamentar. 

Pela proposta, nas eleições de 2018 apenas os partidos que obtiverem 2% dos votos válidos em pelo menos 14 estados, com no mínimo 2% de votos válidos em cada um deles, terão direito aos recursos do Fundo Partidário, ao acesso gratuito ao rádio e à televisão e ao uso da estrutura própria e funcional nas casas legislativas. A partir de 2022, a cláusula de barreira sobe para 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 14 estados, com um mínimo de 2% dos votos válidos em cada um deles.

O estabelecimento de cláusula de desempenho causou polêmica entre os integrantes da CCJ. Na avaliação do deputado Chico Alencar (Psol-RJ), um dos principais opositores da matéria, a PEC impossibilitará os partidos pequenos de crescerem. “A proposta implica em restrições a composição de lideranças, relatorias, presença em comissões, recursos. É um estrangulamento. Essa cláusula é injusta e desnecessária”, sustentou.

A matéria foi aprovada por 37 votos a 14 pela comissão. O próximo passo será a criação de uma comissão especial para analisar o mérito do texto.