A Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (25), sessão solene em comemoração aos 55 anos de fundação da Universidade de Brasília (UnB). Idealizada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, a UnB, com seus mais de 35 mil alunos, se destaca pela história de resistência democrática.

Para a deputada Jô Moraes (PcdoB-MG) o corpo docente e seus alunos carregam “a história da Universidade, na construção e de disputa da ciência contra o obscurantismo”. “Nos duros momentos do período da ditadura a UnB resistiu. E resiste hoje ao cruel momento onde vemos a ciência e a tecnologia sendo absolutamente deixadas de lado pelo governo Temer”, afirmou.

Desde que assumiu a presidência da República, Michel Temer incluiu no ajuste fiscal o orçamento de todas as universidades públicas do país. O orçamento para a manutenção da instituição neste ano é de R$ 105,9 milhões — quase 50% menos, se comparado aos valores de 2016 (188 milhões). Foram reduzidas ainda as verbas destinadas a melhorias na UnB. No ano passado, eram R$ 46,4 milhões. Atualmente, não ultrapassam R$ 25 milhões. Isto significa um prejuízo de R$ 105,6 milhões.

Neste sentido, a Bancada do PCdoB se comprometeu com o desafio de recuperar a identidade do Ministério de Ciência e Tecnologia e das instituições federais de ensino superior. “Não vamos compactuar com as irresponsáveis políticas de contingenciamento e arrocho fiscal”, destacou Jô Moraes. A deputada lembrou a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congelou todos os investimentos em políticas públicas por 20 anos.

De acordo com a reitora da UnB, Márcia Abrahão, a restrição orçamentária tem criado dificuldades para a sobrevivência da UnB e “trará consequências para o futuro da ciência em nosso País”.

Segundo Márcia, é motivo de orgulho ser ex-aluna da universidade e testemunha de momentos decisivos. Ela foi a primeira mulher e geóloga eleita reitora da universidade. “Estamos falando de uma universidade que ao longo de seus 55 anos mostrou a competência de todas as gerações que passaram pela UnB, mas que também não fugiu e não fugirá à luta”, disse Márcia.

Rememorando a história de luta da instituição, Luis Carlos de Sousa, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (SINTIFUB), disse que a universidade nunca ficou calada em momentos difíceis e que vai resistir novamente a esse novo golpe e aos retrocessos de Temer. “Quem pensa que o povo brasileiro vai se acovardar está muito enganado, dia 28 abril estaremos nas ruas para denunciar os desmontes e tirar essa corja que está aí”, pontuou Luis Carlos.

Com o mesmo tom de resistência, Ayla Viçosa, estudante de sociologia e representante da Chapa Todas as Vozes, que acabou de ser eleita para o Diretório Central dos Estudantes (DCE), salientou que os alunos estão “dispostos a ocupar as ruas para que o futuro não seja congelado”. "Não aceitaremos que retirem nossa aposentadoria, nem precarizem nosso trabalho com a reforma trabalhista e a terceirização”, completou a estudante.

Entre as autoridades que compareceram à solenidade, destaque-se a presença do professor Aldo Paviani, representante dos professores (as) vítimas da ditadura. Graduado em Geografia, especialista em História e Planejamento Urbano, Paviani é professor titular, aposentado e pesquisador associado do Departamento de Geografia do Instituto de Ciências Humanas e pesquisador do Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB.

História

A Universidade de Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1962, no mesmo dia em que a nova capital completou dois anos. Atualmente, a UnB conta com quatro campi: além da sede, no Plano Piloto, há unidades em Ceilândia, Gama e Planaltina. São 38,4 mil estudantes e 2,2 mil professores distribuídos em cursos de graduação e pós-graduação

Com Agências