O Banco do Brasil anunciou, no início desta semana, um projeto de reestruturação global na instituição. O plano, que tem como pretensão “enxugar a estrutura administrativa”, fechará 402 agências bancárias e incentivará a aposentadoria de funcionários. A expectativa é de que 10 mil pessoas ingressem no programa, mas 18 mil se enquadram nos critérios de adesão.

Com o intuito de expor as consequências por trás do plano, o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) apresentou um requerimento na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara para questionar e debater as decisões. Para o parlamentar, a medida reflete a intenção do governo em precarizar os serviços públicos, diminuindo sua qualidade, para, em um futuro breve, defender a privatização da instituição.

“Não se pode aceitar que os vários retrocessos provocados pelo governo Temer, que já quer cortar recursos da educação, da saúde, da assistência social, da Previdência, cheguem também a uma empresa forte e respeitada como o Banco do Brasil. Quem vai pagar a conta, se essas agências forem realmente fechadas, são os servidores do banco e os clientes”, alerta o deputado.

O encerramento das agências e a implementação das demais medidas estão previstas para 2017. Se tudo correr como consta no plano, haverá redução de 9,3 mil vagas no quadro do banco.

“O BB não está demitindo ninguém. Em função da extinção de agências, teremos redução de vagas”, alega o presidente da instituição, Paulo Caffarelli. Para ele, “esse movimento é olhando para frente, para deixar o Banco do Brasil mais forte, para fazer o seu papel de banco comercial e também fazer o seu braço social enquanto banco de fomento”.

Caffarelli alega que a presença do BB será preservada nos municípios em que já atua, mas que serão fechadas 31 superintendências regionais, sendo que outras 379 agências serão transformadas em postos de atendimento bancário. Atualmente, o BB tem 4.972 agências de varejo e 1.781 postos.

Para o líder da Bancada Comunista na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), este plano representa mais um passo do governo ilegítimo para voltar ao passado e, de quebra, promover o desmonte da instituição financeira. Assim como Chico Lopes, o deputado também entrou com requerimento para debater o tema, mas na Comissão do Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP).  

“Temos que reagir, reagir ao projeto e às medidas contidas nele. A preservação do Banco do Brasil é algo de extremo interesse da nação brasileira. Por isso a importância desta audiência pública convocando a instituição, o governo e a sociedade para o debate”, esclarece o parlamentar.

Segundo o presidente do BB, a “reestruturação” é essencial para que a instituição consiga alcançar 9,5% de capital principal em janeiro de 2019. O índice é uma exigência das novas regras de Basileia 3, acordo internacional que mede a relação entre o capital de um banco e o volume de empréstimos. Atualmente, o nível de capital principal do banco já é de 9,07%. “Essas medidas têm um papel significativo nesse movimento”, defende.

 

Com informações da Agência Brasil