Alvo de processo na Comissão de Ética da Presidência da República, Geddel Vieira Lima se mantém à frente da Secretaria Geral de Governo graças ao respaldo público do presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB). “O episódio é muito grave. Mostra ministros do governo que se utilizam do cargo que ocupam para benefício pessoal. O caso precisa ser investigado, mas não há condições de Geddel continuar”, diz o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA).

A sindicância apura denúncia do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero que diz ter sofrido pressão para liberar um empreendimento de luxo no Centro Histórico de Salvador onde Geddel tem apartamento. O projeto estava embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por motivos técnicos. Deputada baiana, Alice Portugal afirma que esta obra é combatida por urbanistas, arquitetos, movimentos sociais e movimentos de rua. “A corrupção é sinônimo desse governo ilegítimo. Precisamos nos unir e evitar o avanço dessa trupe que assaltou o poder e que precisa ser banida com novas eleições”, destaca.

Para o presidente da Comissão de Participação Legislativa (CLP), deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), “se Temer tivesse um pingo de respeito pela opinião pública, demitira Geddel e pediria desculpas aos brasileiros”. "Se Temer não demitir, estará dizendo que, além de ser golpista e conspirador, ele concorda que seus ministros mais diretos usem o governo como instrumento para obter lucro e atender a interesses pessoais, não da sociedade", reforça Chico Lopes.

Parlamentares acionam PGR

Deputados do PCdoB e PT defendem a acareação entre Geddel e Calero para esclarecer os fatos em encontro na Câmara. Requerimento a ser votado na Comissão de Cultura nesta quarta-feira (23) propõe reunião com os dois ministros. Conforme a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), “é preciso confrontar as versões dentro do Parlamento brasileiro, que tem a função de fiscalizar”.

Em outra frente, deputados e senadores da oposição protocolaram representação na Procuradoria Geral da República (PGR) nesta segunda-feira (21). O objetivo é que se abra investigação sobre possíveis crimes cometidos. Pediram ainda o afastamento do investigado. “Isso é muito mais do que um crime de responsabilidade. É um crime de concussão com provas cabais, cuja pena é elevada, de dois a 12 anos. Deve ser afastado imediatamente do cargo, porque agiu, ele mesmo confirmou, por várias vezes”, diz a líder do PCdoB no Senado, senadora Vanessa Grazziotin (AM).

Segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o presidente da República já tinha conhecimento, há vários dias, do tipo de advocacia administrativa exercida por Geddel, caracterizando crime de prevaricação por parte de Temer.