Um trecho da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi ocupado nesta terça-feira (25) por vaqueiros e trabalhadores, que se reuniram para protestar contra a proibição das vaquejadas no Brasil. Atos semelhantes ocorreram em outros estados.

A vaquejada é uma atividade competitiva na qual o vaqueiro tem como objetivo derrubar o boi puxando o animal pelo rabo. Prática tradicional no Nordeste, se tornou ilegal a partir de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no início de outubro, que considerou inconstitucional a lei que regulamenta a atividade no estado do Ceará. A maioria dos ministros entendeu que a vaquejada provoca atos cruéis contra os animais. Mesmo referindo-se à uma lei estadual, a determinação da Corte pode ser aplicada a outros estados e ao Distrito Federal.

Marcos Studart, vice-presidente da Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ), alega que o assunto foi abordado de forma muito superficial. “Não se entendeu o trabalho que tem sido feito pelas associações, que é exatamente o de garantir uma condição de execução das provas de vaquejada preservando a condição de bem-estar, tanto dos cavalos como dos bois”.

Para o líder da Bancada Comunista na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), a proibição é um ato de preconceito, já que estão tentando proibir uma atividade secular, que faz parte da cultura do país.

“Alguns que não conhecem as tradições do interior tentam inibir essa manifestação. A vaquejada é também um elemento da economia, traz emprego, traz renda. As tecnologias disponíveis já dão conforto aos animais. Ter cuidado é importante, sim, mas isso as associações e os vaqueiros já estão fazendo”, defende o parlamentar.  

De acordo com os manifestantes, cerca de 700 mil pessoas são afetadas direta e indiretamente pela proibição do STF. Wildemberg Sales, um dos organizadores do Movimento Vaquejada Legal no Distrito Federal (DF), defende que a prática mudou ao longo dos anos, e que não há agressão aos animais durante os espetáculos.

“Vaquejada é um encontro de famílias, vaquejada é tradição, é cultura, é renda. A vaquejada não quer ser extinta, ela quer se adequar às novas regras. Não é a vaquejada de 30 anos atrás. É a nova vaquejada, com regras, com o estatuto. É isso que a gente quer da sociedade dos grupos de defesa [dos animais]”.

Discussão do assunto na Câmara

Em evento que reuniu representantes da atividade e parlamentares que defendem a prática, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), garantiu que instalará comissão especial para tratar do tema.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 270/16, apresentada nesta terça-feira (25), define a prática de rodeios e vaquejadas como expressão artística e cultural e como patrimônio imaterial brasileiro, e transforma a atividade em modalidade esportiva.

“Vamos construir um acordo, um marco legal para resolver o problema e dar clareza para sociedade e explicar que não há maus tratos aos animais”, afirmou Maia.

 

*Com informações da Agência Brasil e da Agência Câmara