A tarde desta quarta-feira (19) foi marcada pela prisão preventiva do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília. A decisão foi tomada no processo em que Cunha é acusado de receber propina de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em liberdade, Cunha representa risco à instrução do processo e à ordem pública. Além disso, os procuradores argumentaram que "há possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior" e da dupla nacionalidade – Cunha tem passaporte italiano.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), a prisão de Cunha já era aguardada há muito tempo. “Todo cidadão tem direito de defesa, mas Cunha tem um rosário de crimes. Foi flagrado por desvio de recursos no exterior, fez extensas manobras para descumprir o regimento da Casa, fez todo tipo de chantagem de diversas formas em todos os poderes. Essa é uma prisão aguardada há muito tempo, mas esperamos que ela não sirva para justificar outras prisões que não tenham crimes relacionados”, pontua o parlamentar.

“A prisão é necessária, mas tardia. Agora, o que me espanta é ver que encontramos poucas fotos de Cunha sendo preso, diferentemente do que acontece com outras pessoas. Temos visto uma série de seletividades em todo esse processo da Operação Lava Jato”, denuncia a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

Para embasar o pedido de prisão do ex-presidente da Câmara, a força-tarefa da Operação Lava Jato listou atitudes, que conforme os procuradores, foram adotadas por Cunha para atrapalhar as investigações.
Apesar de a prisão de Eduardo Cunha ser esperada, a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), teme que ela seja apenas uma “cortina de fumaça” para justificar uma nova empreitada contra o ex-presidente Lula.

Na última semana, boatos circularam que uma nova fase da Operação Lava Jato pretendia prender o ex-presidente, mesmo sem provas.

“A prisão de Cunha tem provas, tem fatos. Faz sentido. O que não pode é ela servir de argumento para seguirem rumo a prisão de Lula, pois há uma perseguição aberta e explícita a ele. Por isso, reafirmo minha preocupação sobre como parte dos agentes públicos brasileiros têm atuado no Brasil. Ética não é bandeira, é obrigação”, afirma Jandira.