Não houve surpresa na votação do Senado que decidiu o destino da presidenta Dilma Rousseff, na madrugada desta quarta-feira (10). O golpe já estava consolidado. Com grande maioria, por 59 votos a 21, o Plenário da Casa aprovou o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que julga procedente a denúncia contra a presidenta por crime de responsabilidade. Dilma, que agora é ré, vai a julgamento final pelo Senado no final do mês.

Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o resultado já era esperado. “Quem acompanhou a votação na madrugada percebeu que estão levando a julgamento uma pessoa que não cometeu nenhum crime, fato comprovado pela perícia técnica e Ministério Público Federal. Estão rasgando a Constituição para legitimar um interino usurpador, rejeitado pela maioria do povo brasileiro que engrossa o coro de ‘Fora Temer’”.

Acusação e defesa da presidenta precisam apresentar respectivamente, o libelo acusatório e sua contrariedade, juntamente com até cinco testemunhas legais e mais uma extranumerária para cada uma das partes. O representante dos advogados responsáveis pela acusação já protocolou, no início da tarde desta quarta-feira (10), o documento na Secretaria-Geral da Mesa do Senado. A expectativa é que o advogado José Eduardo Cardozo entregue a defesa amanhã (11), no fim da tarde.

Concluída esta etapa, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, marcará a data do início do julgamento, notificando as partes com antecedência de dez dias. Cardozo não descarta a possibilidade de Dilma Rousseff comparecer pessoalmente ao Senado para se defender.

O deputado Daniel Almeida (BA), líder da Bancada Comunista na Câmara, enxerga o resultado desta madrugada como a consolidação dos objetivos dos setores golpistas. “É uma decisão política desses setores que se unificam para afastar a presidenta. Este último ato indica que terão êxito”. Mas o parlamentar alerta que a luta pela democracia não será deixada de lado. “O elemento central para que não seja violada de forma definitiva a soberania do voto é o plebiscito. Neste momento ganha corpo a necessidade de ganhar as ruas para preservar a vontade popular sobre o destino do país. O povo deve decidir se quer novas eleições”.

A presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), conclama ampla mobilização contra o golpe e em defesa do plebiscito. “Este é o instrumento que indica para amplos setores da sociedade que a escalada golpista pode ser barrada, e que o único caminho para reunificar o país e recolocá-lo no rumo do desenvolvimento passa, necessariamente, pela consulta ao povo, pela soberania do voto popular e jamais pela violência de um golpe de Estado”.

Na última etapa do processo de impeachment no Senado, após o depoimento das testemunhas, os senadores decidirão pela condenação ou absolvição de Dilma Rousseff. Na fase final, é preciso o voto de 54 dos 81 senadores para confirmar o impedimento. As sessões de julgamento devem ser agendadas a partir do dia 25 de agosto.


Com informações da Agência Brasil