O ato promovido pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, marcado inicialmente para o auditório Freitas Nobre, da Câmara dos Deputados, foi transferido para o gramado do Parlamento. A segurança da Casa impediu a entrada dos trabalhadores por receio de manifestações contra o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acabou tendo a cassação aprovada pelo Conselho de Ética.

Conforme Davidson Magalhães (PCdoB-BA), coordenador da Frente, há uma tentativa clara de blindar Cunha de eventuais protestos. “Eles querem a salvação deste governo golpista, penalizando a sociedade com um pacote de maldades. E, para isso, querem a manutenção de Eduardo Cunha e vetam a presença do povo”, destacou Davidson. 
       
Em discussão na Câmara, há a restrição de gastos com programas sociais e a retomada do Estado mínimo, com cortes de orçamento nas áreas de saúde e educação. Ainda aguardando acordos entre Planalto e base aliada, estão a reforma da Previdência e a desestruturação de estatais para privatizar serviços públicos essenciais à sociedade.

Para Jô Moraes (PCdoB-MG), é fundamental a resistência da população aos retrocessos apresentados em pouco tempo pelo “governo traidor” de Temer.  “Se eles conseguem fechar as portas do Congresso para o povo brasileiro, eles nunca conseguirão fechar as ruas”, afirmou.   

Embora longe do local agendado, os petroleiros apresentaram seus pleitos e reiteraram a sua disposição para a luta durante o ato. Eles destacaram a necessidade de criar estratégias para o fortalecimento da Petrobras como empresa pública e de propriedade do povo. E ouviram do deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), que falou em nome da Federação Nacional dos Petroleiros, que a “briga da Petrobras não é só dos militantes, e sim de quem construiu esta empresa”.

O parlamentar acrescentou que está vigilante quanto ao projeto de José Serra (PSDB), em apreciação por comissão especial da Câmara, que pretende entregar os recursos oriundos do pré-sal e os direitos de extração do petróleo para a iniciativa privada (PLS 131/15). “Esta Casa está lotada de entreguistas. Estão dando muito cartaz para Serra, que viaja toda hora para os Estados Unidos, oferecendo nosso patrimônio. Nós não vamos perder a Petrobras para eles”, enfatizou Chico Lopes.

O ataque ao desenvolvimento nacional, promovido pelo governo Temer, com a colaboração do PSDB, implica em quebrar a espinha dorsal do projeto iniciado por Lula, conforme denunciou Davidson Magalhães. “Não é à toa que Serra disse que a Petrobras deveria ficar restrita à exploração de petróleo. Querem quebrar a capacidade tecnológica, que agrega valor, e, acima de tudo, de desenvolver a cadeia de produção de petróleo e gás no país”, disse.

O debate contou com a presença da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos (Sindipetro), Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), União Nacional dos Estudantes (UNE), Associação Nacional dos Pós-Graduandos e União Nacional LGBT (UNA LGBT).