Depois de quase oito meses – e de muitas manobras –, o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) sobre o processo contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi finalmente lido no Conselho de Ética nesta quarta-feira (1º). Em seu relatório, Rogério pede a cassação do presidente afastado da Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar.

“Houve uma intenção deliberada de escamotear a existência de toda uma estrutura montada para o recebimento de propina e ocultação de patrimônio ilícito”, disse Rogério, que acusou Cunha de ter agido dolosamente ao não informar a existência de contas no exterior durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras.

O líder da Bancada comunista na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), elogiou o trabalho desenvolvido por Marcos Rogério. “O relatório é denso, contundente e traz dados inequívocos que justificam a cassação de Cunha. Será muito difícil derrotar esse parecer”.

Carlos Marun (PMDB-MS), aliado de Cunha, apresentou um pedido de vista, adiando a discussão e votação do parecer de Rogério, que devem ocorrer na próxima semana.
Para a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), depois de tantas manobras conduzidas por Cunha e seus aliados, é prioridade fazer com que o relatório seja votado na Câmara.

“No momento, há um grande sentimento por justiça no Brasil e, mais do que nunca, esta Casa precisa cumprir seu papel e colaborar com o combate à corrupção. O Conselho de Ética está convocado a aplicar a pena que é devida e indicada pelo relator, que é a cassação do mandato de Cunha”, indicou a parlamentar.

De acordo com Marcos Rogério, durante as investigações foram identificadas quatro contas de Cunha na Suíça. Duas delas foram fechadas a pedido do peemedebista, após o início das investigações da Operação Lava Jato. Outras duas tiveram os bens bloqueados pela Justiça suíça, totalizando mais de 2,5 milhões de francos suíços.

Defesa de Cunha

Em depoimento no Conselho de Ética, Cunha disse não ser titular de contas no exterior e, portanto, não ter mentido durante a audiência da CPI da Petrobras. Segundo ele, a participação que tinha em um truste não representa patrimônio, mas “expectativa de direito”.
Antes da leitura do relatório por Rogério, o advogado de Eduardo Cunha, Marcelo Nobre, repetiu os argumentos de seu cliente.

Para Nobre, a instrução não conseguiu demonstrar a existência de recursos em outros países. “Acho uma manobra. Não encontraram prova material da existência de contas e usaram 90 páginas para tentar dizer que existe o que não existe. Se espremer as 90 páginas, só encontrará manobras. Não tem uma prova material da existência de contas no exterior em nome do meu cliente”, alegou Nobre.

Com informações da Agência Brasil