Na tarde desta terça-feira (6), as entidades que compõem a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas organizaram um ato na Câmara dos Deputados para retomar a discussão do Projeto de Lei (PL) 6316/13, que nasceu em discussões com a sociedade civil sobre reforma política. Na avaliação das entidades, a proposta foi deixada de lado durante a votação da reforma no Parlamento.

“Nós queremos retomar o movimento visando a sociedade e porque o país está vivendo uma crise. E qual a raiz dessa crise? Setores dizem que é a corrupção. Mas na nossa opinião a raiz da crise está no sistema político brasileiro. Está no processo de fragilização completa da democracia representativa e nós apresentamos uma alternativa de sistema político para o Brasil. Uma proposta que o Congresso não levou em conta e é um desrespeito às demandas da sociedade. Por isso, retomamos esse debate. A história política brasileira mostra que a pressão popular pode tudo. Tudo agora depende da nossa capacidade de ganhar a sociedade”, explica Aldo Arantes, representante da Coalizão.

Durante o ato, as entidades divulgaram um manifesto onde avaliam a reforma política aprovada pelo Congresso e comemoram a decisão do Supremo Tribunal Federal e da presidenta Dilma Rousseff de barrar a influência do poder econômico das eleições. Este era um dos principais pontos defendidos no PL da Coalizão. As entidades entendem que doações de empresas são as principais causas da corrupção e defendiam no projeto o financiamento democrático, onde apenas pessoas físicas poderiam doar para campanhas com limite.

O PCdoB era um dos defensores do projeto da Coalizão na Câmara e foi uma das legendas mais aguerridas na luta contra o financiamento empresarial. Para a líder da bancada comunista, deputada Jandira Feghali (RJ), a decisão do STF colocou uma “pá de cal” no assunto ao pautar sua decisão em cláusulas pétreas. “Só uma nova Constituição poderá rever este tema”, afirma.

Segundo Jandira, a retomada das atividades das entidades é um passo importante na luta por uma reforma política democrática. “A retomada do movimento pela Coalizão é para estender o debate sobre os limites de gastos e para avançar em outros pontos. É muito válido que isso passe a acontecer para que esse debate não pare na sociedade, até porque o que tivemos aqui foi uma reforma eleitoral, não política. Então, é essencial a pressão da sociedade para um futuro debate sobre reforma política no Parlamento”, diz.