Na sexta audiência promovida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra Jovens Negros, parlamentares cobraram que a relatoria do colegiado se comprometa em focar seus resultados na superação das raízes sociais responsáveis pela impunidade policial, pela omissão do Poder Judiciário e pela naturalização da violência quando as vítimas são os jovens e negros. Esses aspectos vêm sendo reiteradamente destacados nas audiências como as origens da violência contra os jovens negros no Brasil.

“A cultura da violência repercute contra todos nós. Mas, quando se trata do povo negro a naturalização é maior. Há uma tolerância institucional à própria brutalidade da polícia”, afirma o vice-líder do governo na Câmara, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Para o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), a CPI deve contribuir no debate ideológico. “Porque o massacre contra jovens e pobres não repercute na mídia, na sociedade? Precisamos enfrentar esta luta que é ideológica”, reforça.

Os deputados debateram o assunto com estudiosos e representantes do Grupo de Estudos sobre a Violência e Administração de Conflitos (Gevac/Ufscar), do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre o negro brasileiro da USP, do Instituto de Estudos Afro-brasileiro, do Levante Popular da Juventude e do Fórum de Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes).

A CPI já ouviu representantes do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, da Anistia Internacional, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o autor da pesquisa do Mapa da Violência, Julio Jacobo. Nesta semana, membros da comissão visitaram o complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, e realizaram uma audiência pública Assembleia Legislativa, onde foram ouvidos representantes de movimentos sociais e de direitos humanos, da Defensoria Pública e do Parlamento estadual, com foco nas famílias de vítimas da violência.

No dia 11, a CPI realizará audiência pública em Salvador (BA), na Assembleia Legislativa para debater as violações de direitos e para ouvir famílias de vítimas, movimentos sociais e autoridades.