O financiamento e a gestão dos hospitais universitários e de ensino do país foram temas de destaque da audiência pública realizada, na tarde desta terça-feira (5), na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), em parceria com as Comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e de Educação (CE). Foi momento de discutir políticas públicas de apoio e incentivo a essas instituições, com a participação de dirigentes que colocaram as principais dificuldades de adaptação ao novo modelo de gestão desses hospitais, instalado após a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Proponente do evento, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou a necessidade de reativar uma comissão interministerial a fim de agregar interesses dos ministérios da Educação, Ciência e Tecnologia, Saúde e Planejamento e tratar de forma diferenciada o financiamento dessas instituições. “Esses hospitais ainda passam por um processo de adaptação desse novo modelo de gestão com grandes dificuldades em relação a recursos. É necessário que o SUS readeque esse financiamento, garantindo esse plus necessário para que os hospitais de ensino continuem a ser as grandes escolas e estruturas de pesquisas e inovação que o Brasil tem na construção dos seus profissionais de saúde”, argumentou Alice.

Durante a audiência, a presidente da Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino (Abrahue), Mônica Almeida Neri, relatou a sobrecarga atual dos hospitais universitários. Segundo ela, é um grande desafio garantir a qualidade da assistência do ensino e a realização de pesquisa quando se tem a capacidade instalada de equipe assistencial, leito, equipamentos e espaço físico para atender determinado número de pacientes e a instituição recebe um número quatro vezes maior. A presidente da Abrahue falou ainda da necessidade de um plano de carreira do SUS para ajudar a fixar os profissionais nessas instituições.

O secretário executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balbuino, falou dos avanços nas áreas da educação e da saúde nos últimos anos, destacando a importância de preservar o orçamento desses setores. Ele falou também que a não adesão à Ebserh não deve significar renúncia da autonomia dos hospitais de ensino.

De acordo com a presidente da Ebserh, Jeanne Michel, a relação da empresa com as universidades tem sido de parceria e o trabalho conjunto tem trazido avanços em importantes questões. Ela garantiu que o financiamento para os hospitais continua sendo o mesmo, a partir do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Para a coordenadora-geral de Atenção Hospitalar do Ministério da Saúde, Cláudia Canabrava, a audiência levantou pontos importantes como a necessária reflexão da atual situação do SUS, já que os hospitais de ensino são responsáveis por 10% das internações do sistema, e a importância de renovar compromissos com essas instituições.