Em discurso na tribuna da Câmara, a presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), defendeu nesta quarta-feira (22) que o orçamento das Forças Armadas não seja alvo de cortes em meio a medidas de ajuste fiscal do governo federal. “Há projetos de longo alcance, de sentido estratégico para a soberania do país, sob responsabilidade das Forças Armadas, cujo desenvolvimento não pode sofrer solução de continuidade, sob pena de graves prejuízos”, explica a parlamentar mineira.

Para Jô Moraes, há várias iniciativas fundamentais que não podem ser interrompidas num corte linear de recursos dos ministérios. Entre elas, destacam-se o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha; o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) do Exército e o projeto FX-2 dos caças Gripen NG que modernizarão a Força Aérea Brasileira. “Projetos dessa dimensão não podem ter o fluxo de pagamentos interrompido, sob pena de ampliação dos gastos com a adequação dos atrasos”, destaca a deputada.

Em outra frente, os projetos trazem benefícios não só para a indústria de defesa, mas também para outros setores econômicos. “Os projetos estratégicos, além de promoverem pesquisa e desenvolvimento de tecnologias nacionais, impulsionam a economia do país, aquecem o mercado de trabalho e geram produtos exportáveis de alto valor agregado”, afirma Jô Moraes.

Para a presidente da Comissão de Relações Exteriores, “é fato que, a indústria de defesa, hoje em nosso País, constitui-se em importante alavanca para a inovação tecnológica, num quadro de tantas dificuldades em que se encontra a indústria nacional como um todo”.

Outro argumento favorável à manutenção das verbas da Defesa é o fato de o Brasil já ter o menor orçamento da área em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) dos demais países dos Brics (grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).  A média do grupo é de 2,3% do PIB, enquanto os investimentos brasileiros giram em torno de 1,5%. “O Brasil é um país de tradição pacífica que defende a negociação e conciliação para enfrentar os diferentes conflitos cada vez mais presentes no mundo. Mas isso não pode significar uma atitude de subestimação da nossa atividade de Defesa”, alerta a parlamentar que enfatiza a importância de proteger a Amazônia, o Pré-Sal e as fronteirais nacionais.
     
Jô Moraes aproveitou também para registrar que a pregação em favor de intervenção militar no país, em manifestações de rua, não parte das Forças Armadas. “Os parlamentares que têm a oportunidade de conviver com esse setor podem dizer, com tranquilidade, que não são dos quartéis os movimentos que alimentam a instabilidade política”.