Sacos de dinheiro tomaram o gramado em frente ao Congresso Nacional nesta terça-feira (24). O protesto, realizado pela Coalizão da Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, reforça o pedido da sociedade pelo fim do financiamento empresarial de campanhas. No entendimento das mais de 100 entidades que compõem o grupo, a “doação” de empresas é a principal porta de entrada da corrupção no país. O tema, no entanto, pode ser constitucionalizado na reforma política em discussão no Congresso, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/13, seja aprovada

“Nosso objetivo com esta instalação é despertar o interesse da população para este problema. Uma empresa que doa cobra seu investimento depois”, explica o representante da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na Coalizão, Marcello Lavenère.

O ato, segundo ele, marca o início de uma semana de mobilização das entidades que compõem a Coalizão para coletar assinaturas à proposta de reforma política oriunda de debates na sociedade. Hoje, o projeto já tramita na Câmara (PL 6316/13), mas a ideia é reforçar seu peso com mais de 1,5 milhão de assinaturas. Entre as atividades da semana, o grupo também realizará uma vigília em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir à Corte que retome o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o fim do financiamento empresarial de campanhas. A análise do tema está suspensa desde abril de 2014 por um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes – mesmo tendo 6 dos 11 votos favoráveis ao fim da prática. Saiba mais: Lentidão de Gilmar Mendes é criticada por deputados.

"Eliminar a influência do poder econômico dos pleitos é melhorar a representatividade popular, hoje distorcida pelo peso do dinheiro de empresas nas campanhas. E é por isso que a PEC 352 não atende esse compromisso democrático", destaca a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ).

Aldo Arantes, representante da OAB na Coalizão, lembra que não é qualquer reforma política que atenderá aos desejos populares. Pesquisa encomendada pela OAB revela que quase 80% da população é favorável ao fim das doações empresariais nas eleições. “Não queremos qualquer reforma, só nos interessa uma que acabe com o financiamento de empresas e aumente a participação do povo. O poder econômico nas eleições transforma a minoria do povo brasileiro em maioria no Congresso Nacional.”