As bancadas do PCdoB, PT, PSOL e PSB na Câmara anunciaram nesta quarta-feira (10) que protocolarão representação no Conselho de Ética contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Bolsonaro afirmou nesta terça (9) que não "estupraria" a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque "ela não merece".

A representação foi fentregue ao presidente do Conselho de Ética e Decoro da Câmara dos Deputados na noite de hoje (10/12). Movimentos sociais, como a União Brasileira de Mulheres (UBM), a União da Juventude Socialista (UJS)  e a Associação de Pós-Graduandos (ANPG), participaram do ato e entregam uma Carta Aberta pela Cassação de Bolsonaro. 

Bancada do PCdoB condena nova agressão de Bolsonaro às mulheres

O PCdoB na Câmara foi o primeiro partido  a se pronunciar contra a atitude do parlamentar. Para a líder da legenda, deputada Jandira Feghali (RJ), “a Casa não pode ter entre seus quadros um deputado desse quilate e com esse grau de flagrante quebra de decoro”.

A deputada Maria Do Rosário (PT-RS), ex-ministra dos Direitos Humanos , anunciou nesta quarta-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, que vai processá-lo criminalmente. “Fui agredida como mulher, como parlamentar, como mãe. Chego em casa e tenho que explicar isso para a minha filha. Vou processá-lo criminalmente”, acrescentou a parlamentar.

O PT, partido da ex-ministra, já entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de ofensa cometido pelo parlamentar .

A coordenadora da bancada, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), propôs que o Código de Ética da Câmara passe a proibir explicitamente o que chamou de “ofensas machistas”. Ela se solidarizou com Maria do Rosário, e disse que todas as mulheres se sentiram agredidas. “Nenhuma mulher ‘merece’ ser estuprada”, frisou.

Segundo nota emitida pela Bancada Feminina, é um explícito ato de violência contra as mulheres brasileiras; uma ofensa à moral da parlamentar; um ato que atenta contra a imagem da Câmara dos Deputados; e uma evidente transgressão ao art. 3º, inciso III, art. 4º, inciso I, e art. 5º, inciso III, do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, que “merece ser exemplarmente punida”.

ENTENDA O CASO

A Câmara celebrava nesta terça-feira (9) o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A deputada Maria do Rosário ao acabar de discursar sobre o trabalho da Comissão da Verdade foi sucedida pelo deputado Jair Bolsonaro na tribuna que disse: "Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você, porque você não merece. Fique aqui para ouvir. Dia Internacional dos Direitos Humanos. No Brasil, é o dia internacional da vagabundagem. Os direitos humanos no Brasil só defendem bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e até corruptos. O Dia Internacional dos Direitos Humanos no Brasil serve para isso. E isso está na boca do povo na rua".

Nas redes sociais, foi criada uma petição da Avazz  pedindo a cassação do deputado Jair Bolsonaro. "O deputado já tem em seus históricos agressões, xingamentos e discursos de ódio contra deputados progressivos, não podemos mais aceitar nenhum engavetamento. Isso é decoro parlamentar! Fora Bolsonaro!", diz o texto. Até a última atualização desta reportagem, havia cerca de 69.295 assinaturas no documento.


De Brasília, Tatiana Alves