Na data em que se comemora o Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º de dezembro), um dado alarmante aponta a necessidade de o Brasil reforçar suas campanhas e ações contra a doença. Trata-se do aumento de 11% no número de infecções por HIV no Brasil. O dado, divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), vai na contramão da média global, em que os casos de infecção registram queda de 13%.

Médica de formação, a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), atribui principalmente à desinformação e à discriminação o aumento dos casos no Brasil. Mulheres heterossexuais, casadas e com mais de 50 anos, engrossam a estatística ao lado de jovens e homossexuais. Para a parlamentar, o dado mostra que o debate sobre a prevenção da doença tem sido relegado.

“Os jovens acham que ninguém mais morre de AIDS e pararam de ter a preocupação e o cuidado da prevenção, o chamado sexo seguro. As mulheres casadas são contaminadas pelos companheiros, o que nos mostra uma irresponsabilidade nessa relação. Já entre os homossexuais aumentou preconceito e a homofobia. Precisamos de campanhas educativas e preventivas nos meios de comunicação, dentro das escolas, junto aos ambientes onde esta juventude está. Precisamos criminalizar a homofobia e acabar com o preconceito com a comunidade LGBT. Temos que fazer uma campanha junto às mulheres, aos casais, para que se enfrente essa situação com altivez”, destaca.

Segundo dados do Ministério da Saúde 734 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Do total, 589 mil foram diagnosticadas e 145 mil ainda não sabem que têm o vírus – cerca de 20%. A incidência é maior no público masculino que no feminino, com 26,9 e 14,1 casos em 100 mil habitantes, respectivamente.

#partiuteste

Entre jovens de 15 e 24 anos a incidência passou de 9,6 casos por 100 mil habitantes em 2004, para 12,7 casos por 100 mil habitantes em 2013. Ao todo, 4.414 novos casos foram detectados em jovens em 2013, enquanto em 2004 foram 3.453.

Com o intuito de levar mais informações para este grupo, o Ministério da Saúde lançou uma nova campanha com foco na prevenção, na necessidade de se fazer o teste para diagnóstico e no tratamento da doença.

Usando hashtag partiuteste, a campanha também vai ter material específico para a população jovem de gays e travestis. “Camisinha, teste e tratamento é a estratégia central que estamos trabalhando, e [a campanha] vai trabalhar o tempo inteiro com a prevenção combinada de uso do preservativo, testagem e tratamento”, disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Ao todo, 0,4% da população brasileira tem HIV/Aids. Entre gays e homens que fazem sexo com homens maiores de 18 anos, esse índice sobe para 10,5%. Na população que usa crack, 5% têm o vírus.

Para a diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, para combater de forma eficiente a Aids no Brasil e no mundo é preciso ter estratégias que tenham os jovens como público-alvo.

Compromisso mundial

Nesta segunda-feira, em mensagem sobre o Dia Mundial de Luta contra a Aids, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convocou os líderes mundiais a acabar com epidemia da Aids até 2030. Segundo ele, para alcançar este objetivo é importante que as abordagens incluam a justiça social, a democratização da ciência, a igualdade de gênero e um tratamento de saúde focado nas pessoas.

De Brasília, Christiane Peres, com agências