O Memorial Luiz Carlos Prestes, obra do arquiteto Oscar Niemeyer na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, foi alvo de uma protesto no último sábado (8).Cartazes traziam frases como “abaixo o comunismo”, “traidor da democracia" e “vamos derrubar o memorial ao comuna Prestes”.

O ato foi organizado pelas redes sociais e a data escolhida tem relação com os 25 anos da queda do Muro de Berlim. Na página do Facebook, criada para organizar o ato, havia o pedido para que não fossem levados cartazes e faixas pedindo intervenção militar. As sugestões eram para inscrições como "nossa homenagem às vítimas do comunismo", "fora Foro de São Paulo", "Prestes assassino", "queremos liberdade e democracia" e "fim do Muro de Berlim na Europa e no Brasil".

Edson dos Santos, presidente do Instituto Olga Benário Prestes, entidade nacional com sede em Porto Alegre, afirma que os manifestantes tinham o “claro e manifesto desejo de agredir a história do Luiz Carlos Prestes. Os cartazes, com dizeres anticomunistas, para além de atacarem a figura lendária e patriótica de um herói do povo brasileiro, reconhecido mundialmente, também atacaram outros lideres, brasileiros e latino-americanos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Fidel Castro. As ameaças contra o Foro de São Paulo pelo seu significado consagra o teor fascista de intolerância contra qualquer outra forma de manifestação política que seja diferente dos ideários que professam os agressores.

OPOSIÇÃO NÃO SOUBE PERDER

Jandira Feghali, líder do PCdoB na Câmara, colocou-se indignada com ações contra a liberdade, contra a história e contra a esquerda. E afirmou que a oposição não soube perder as eleições presidenciais de 2014. “Os maus perdedores não se conformam com a vitória da esquerda brasileira. A presidenta Dilma ganhou! Quem perdeu as eleições tem de assumir a derrota e cumprir o seu papel com a tranquilidade que a democracia brasileira exige. Quem perdeu a eleição não pode querer comandar”, disse a parlamentar na tribuna da Câmara na noite de quarta-feira (12).

Sobre Luiz Carlos Prestes

Luiz Carlos Prestes, aos 26 anos, rebelou-se contra o governo de Arthur Bernardes e formou a Coluna Prestes, movimento que, a partir do Rio Grande do Sul, marchou por 25 mil quilômetros pelo Brasil e lutou 53 combates ao longo de dois anos e meio. Exilou-se na América Latina, quando teve contato com a doutrina marxista, e morou na União Soviética durante três anos, onde conheceu a militante alemã Olga Benário, com quem se casou.

De volta ao Brasil e já integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi preso com a mulher que, grávida, foi deportada para a Alemanha nazista. Cassado após o golpe de 1964, exilou-se na antiga União Soviética. Após a redemocratização, apoiou a candidatura de Brizola à presidência da República, em 1989. Morreu no ano seguinte.

De Brasília Tatiana Alves
Com informações de Edson Carlos Ferreira dos Santos, do Instituto Olga Benário Prestes