O debate sobre a reforma política foi reaquecido nesta terça-feira (14) na Câmara dos Deputados. Integrantes de movimentos sociais tomaram o Hall da Taquigrafia da Casa num ato que marcou a entrega do resultado do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político, realizado entre os dias 1º e 7 de setembro em todo o país. Quase oito milhões de brasileiros votaram, sendo que desses, 97% disseram sim à convocação de uma assembleia constituinte para promover a reforma política no país.

Agora, o próximo passo é conseguir um terço de assinaturas de parlamentares para dar início à tramitação da proposta no Congresso. Para a Bancada do PCdoB na Câmara é fundamental retomar esse debate, sobretudo no momento em que se elege uma das composições mais conservadoras do Parlamento desde o regime militar, conforme análise do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). 

Gustavo Petta (PCdoB-SP) lembrou que hoje a chamada “Casa do Povo” não representa, de fato, a população. “São poucas mulheres, poucos jovens, negros e trabalhadores. Infelizmente, essa é a nossa realidade e ela só irá mudar se tivermos uma reforma política profunda e não esses engodos que já foram aprovados no passado. Uma reforma de verdade vai atacar o financiamento de campanhas, por exemplo. Mas esse é um debate que só irá avançar se o povo ocupar e pressionar este Congresso”, afirmou.

O fim do financiamento privado de campanha é bandeira defendida amplamente pelo PCdoB. Para o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), a reforma política precisa diminuir a influência econômica nas eleições. "Ela deve vir para garantir melhor representação da sociedade, presença de todas as visões ideológicas e sociais, diminuindo a influência do grande capital nas eleições e possibilitando o exercício do voto, de forma livre”, afirmou.

Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), a manifestação realizada nesta terça-feira foi a primeira resposta da população ao resultado do primeiro turno das urnas, “onde predominou o conservadorismo”. No Congresso, a expressividade da bancada religiosa, com 52 deputados, assim como da bancada patronal, com 189, contra 46 da bancada sindical, por exemplo, já apontam a dificuldade no avanço de pautas progressistas nos próximos anos.

“Esse foi um primeiro alerta para aqueles que acharam que iam impor a perda de direitos. O povo responderá a partir de fevereiro neste tom, da mesma forma como no dia 14 de outubro, o dia que o povo tomou o Congresso”, disse Jô.

O Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político é uma das ações decorrentes das manifestações que aconteceram em junho de 2013 em todo o país. Agora, o objetivo é pressionar os parlamentares para que aprovem um projeto de decreto legislativo convocando um plebiscito sobre o tema. A iniciativa teve apoio de 480 entidades, movimentos sociais e partidos políticos, entre elas o PCdoB, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf).

De Brasília, Christiane Peres