Mais de 50% da população brasileira é composta por mulheres. Os jovens representam 51% dos mais de 190 milhões de habitantes do país. Os negros, 50,7% e, apesar de todas as tentativas de extermínio, há ainda quase um milhão de indígenas no país. Apesar dos números – reunidos no último Censo (2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – esses grupos são tidos como minorias quando o assunto é política e estão, mais uma vez, sub-representados nas eleições deste ano.

Um estudo realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) aponta a sub-representação nas candidaturas para as eleições de 5 de outubro. Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), é preciso que as instâncias de poder, sobretudo, o Parlamento represente a pluralidade da sociedade brasileira.

“Apesar de a nossa maior riqueza ser a diversidade, ela não se espelha na composição do Congresso Nacional. Mulheres, índios e negros ainda são uma minoria e são raros os partidos que investem nessas candidaturas. A sociedade precisa entender a importância de eleger pessoas comprometidas com a luta desses segmentos, de outra forma os interesses das maiorias e as iniquidades sempre prevalecerão", alerta.

Segundo o estudo, o PCdoB está entre os partidos que mais abrem espaço para as ditas minorias. Tem 11 candidaturas de indígenas e, ao lado do PT e do PSOL, concentra mais da metade delas neste pleito.

Já a população negra, apesar de aparecer com um percentual considerado “expressivo” de candidatos, 44,2% do total, ainda esbarra em dificuldades para eleger representantes – assim como com as mulheres. O estudo aponta como causa um possível “racismo estrutural” da sociedade na hora de decidir o voto, além do menor tempo de exposição na mídia e de maior dificuldade em conseguir apoio financeiro para suas campanhas.

Conforme o estudo, no caso das mulheres, dos 25.919 candidatos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 30,7% são mulheres, das quais 16,5% são brancas e 14,2% são negras. Em 2010, elas somavam 22,4% do total de candidatos. Segundo o Inesc, a evolução na participação feminina está principalmente relacionada à exigência legal que prevê um percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas – dados recentes do TSE registram 22.923 candidatos aptos, sendo 6.577 do sexo feminino, ou seja, 28,7%, abaixo da cota estipulada.

O aumento da representatividade de mulheres nas instâncias de poder é bandeira antiga do PCdoB. Hoje a Câmara tem 45 deputadas federais, o equivalente a 9% do total dos membros eleitos no último pleito, em 2010. Proporcionalmente, o PCdoB tem a bancada mais feminina (40%) da Câmara, com seis parlamentares – sendo a única legenda com uma mulher à frente de sua liderança. Deputadas da legenda coordenam ainda a Bancada Feminina na Câmara e a Procuradoria Especial da Mulher do Senado.

Para a deputada Jô Moraes (PCdoB/MG), coordenadora da Bancada Feminina na Câmara, o Brasil precisa se encontrar com sua maioria. “Digo isso em relação ao aumento da presença das mulheres nas estruturas de poder, nas estruturas das organizações. Acredito que está na hora de o Brasil encontrar com sua maioria, que são as mulheres", afirma.

O levantamento analisou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), adotando critérios como raça/cor, unidade da Federação, partido político e cargo escolhido.

De Brasília, Christiane Peres