A morte do educador, jurista e escritor, Anísio Teixeira, ainda gera polêmica. Encontrado num fosso de elevador em 14 de março de 1971, o laudo da perícia apontava uma morte acidental, mas familiares e ex-presos políticos afirmam que Anísio pode ter sido mais uma vítima da ditadura militar. O tema voltou à tona nesta quarta-feira (28), na Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Entre as medidas para esclarecimento da causa da morte do educador constam a exumação do corpo e o acesso a um documento inédito sobre o caso.


Durante a audiência, os convidados pontuaram as razões das dúvidas sobre a causa mortis. Todos destacaram que, entre o elevador e o fosso, havia vigas com menos de um metro de distância uma da outra, de modo que não teria como alguém cair até o fundo. O corpo de Anísio fora encontrado sentado e sem marcas das vigas, segundo disseram.

Para deputado constituinte Haroldo Lima (BA), depois de encontrado, o corpo de Anísio fora imediatamente levado para o necrotério, sem perícia no local. Os militares alegaram à época que ele havia sido confundido com um oficial da Marinha, que teria se suicidado em um prédio das imediações no mesmo dia – a versão, no entanto, nunca se confirmou e o corpo do oficial nunca apareceu.

O sumiço de um documento do Partido Comunista dos pertences de Anísio Teixeira também levantou suspeita na família. Segundo relato de Carlos Antônio Teixeira, filho de Anísio, quando foram devolvidos os pertences de seu pai, o documento não existia mais.

“Uma pessoa que é apanhada com um documento do Partido Comunista Brasileiro teria que se explicar muito. Anísio era um comunista feroz, porque ele havia feito a Universidade Federal de Brasília sob a ótica comunista”, destacou Haroldo Lima.

Familiares declararam que não se opõem à exumação do corpo do educador se ela possibilitar a comprovação do seu assassinato. O caso está sendo investigado pela Comissão Nacional da Verdade e pela Universidade de Brasília.

Além da exumação, um documento inédito escrito pelo acadêmico Afrânio Coutinho poderia contribuir na solução do caso. Coutinho teria registrado em um documento tudo que sabia sobre o caso. O texto teria sido entregue à Academia Brasileira de Letras (ABL) para ser aberto apenas em 50 anos, em 2021. Na ABL, no entanto, ninguém sabe do documento. Apesar da negativa, a Comissão de Direitos Humanos requisitará o relato à ABL com base na Lei de Acesso à Informação, que obriga todas as instituições a liberar papeis relacionados à violação de direitos humanos.

Assessoria de Comunicação
Liderança do PCdoB CD
Iberê Lopes, estagiário de comunicação
Com informações da Agência Câmara
Edição: Christiane Peres