Estima-se que existam 60 mil parteiras no Brasil, principalmente nas comunidades mais distantes dos centros médicos e também nas periferias e centros urbanos, mas esse trabalho ainda aguarda regulamentação. Tramita na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 7.531/2006, que trata da profissionalização da categoria, mas foi rejeitado na Comissão de Seguridade Social e Família. Para debater a humanização do parto e a importância do trabalho realizado por essas mulheres, a bancada feminina do Congresso e o Núcleo de Estudos e Pesquisas da Mulher da Universidade de Brasília promoveram na quinta-feira (8), mais uma edição do projeto quintas-femininas.

Para a  coordenadora da Bancada Feminina na Câmara, deputada Jô Moraes (MG), é importante criar condições de humanização do parto, para que as mulheres tenham o acolhimento necessário e o apoio integral ao pré-natal. “Tem crescido muito o número de cesáreas no país, e muito mais estimuladas por razões outras do que por condições objetivas ou por escolha das mães”, disse.

O Brasil tem a maior taxa de cesariana do mundo, de acordo com a Unicef. Com 52% dos partos feitos por cesarianas – enquanto o índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 15% -, o Brasil é o país recordista neste tipo de parto. Na rede privada, o índice sobe para 83%, chegando a mais de 90% em algumas maternidades. A intervenção deixou de ser um recurso para salvar vidas e passou, na prática, a ser regra.

A professora da Universidade de Brasília (UnB) e parteira, Silvéria Santos, afirma que é preciso respeitar o conhecimento da arte de partejar, que passa de geração em geração. Ela enfatiza que muitos conhecimentos médicos, reconhecidos pela ciência, foram descobertos pelas parteiras. “Todo conhecimento que se tem em Ginecologia e Obstetrícia começou com a atuação das parteiras, porque eram elas que adentravam os lares, adentravam a intimidade, iam aos corpos das mulheres para conhecer, para identificar, para dar nome, para observar os fenômenos e a fisiologia do corpo das mulheres. Então a gente precisa louvar e tirar essas mulheres do anonimato.”

Assessoria de Comunicação
Liderança PCdoB CD
Iberê Lopes, estagiário de Comunicação
Edição: Christiane Peres