Movimentação milionária na conta de Mauro Cid dá gás à CPMI do Golpe
Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, redobraram as atenções sobre a movimentação milionária feita na conta de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro.
De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o tenente-coronel, que se encontra preso por envolvimento na falsificação do cartão de vacina de Bolsonaro, movimentou cerca de R$ 3,2 milhões no período de julho de 2022 e janeiro de 2023.
Os valores são incompatíveis com seu salário bruto de R$ 26.239 no Exército. A PF suspeita que o tenente-coronel participe de um esquema para pagar despesas de Bolsonaro e sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, utilizando dinheiro público.
Nesta quinta-feira (27), a Folha revelou outro relatório do Coaf dando conta de que Bolsonaro recebeu R$ 17 milhões via Pix no primeiro semestre deste ano.
A CPMI investiga a participação do ex-ajudante na articulação de um golpe de Estado. A Polícia Federal (PF) encontrou no aparelho do ex-ajudante um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por meio do qual respaldava uma intervenção militar no país.
Além disso, foram reveladas trocas de mensagens dele com outros militares tramando golpe.
Para a líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ), integrante da CPMI, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está envolvido “até o pescoço” no processo golpista de 08 de Janeiro.
“O tenente-coronel que tinha o passo a passo do golpe em seu celular precisa explicar como movimentou R$ 3,7 milhões em apenas 10 meses. E também de onde vieram os R$ 367.374,56 que ele enviou para os Estados Unidos no dia 12 de janeiro. Que dinheiro era esse?”, questionou a líder.
Jandira batizou o caso como a “turma do milhão”. “Os negócios em torno de Bolsonaro vão de vento em popa. Mauro Cid movimenta R$ 3,7 milhões em 10 meses. Bolsonaro agora, segundo Coaf, tocou o coração bolsonarista de empresários, advogados, pecuaristas, militares e agricultores e captou nada menos que R$ 17 milhões em seis meses. Negócio promissor. E esse recurso, via campanha de Pix, era para pagar dívida com o Estado de São Paulo de R$ 1 milhão por não usar máscara. Mas nem todo o pix do mundo vai livrá-lo do seu destino: a cadeia”, disse.
“Tudo bem, é dinheiro a rodo. Mas aquela história de cada eleitor dar 1 real para provar a ‘fraude eleitoral’ ficou desmoralizada de vez. Ah, sem contar que deve ter Pix rachadinha a dar com o pau nesse bolo”, ironizou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) diz que a CPMI terá trabalho para a próxima semana. “Em relatório, o Coaf concluiu que Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix só nesse ano. Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, movimentou 3,2 milhões nos últimos 12 meses, valor incompatível com seu salário. Isso não passará batido. Em breve retornam os trabalhos da CPMI, e nela trabalharemos pra descobrir quem está financiando Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens e porquê”, afirmou.
“R$ 17 milhões recebidos em um semestre via Pix. Ou os brasileiros foram muito generosos com Bolsonaro ou está aí o início de mais um grande escândalo do ex-presidente. Cada transferência deve ser rigorosamente apurada. Quem são os verdadeiros doadores?”, indagou o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), também membro da CPMI.