Este princípio vale com igual força para outros partidos e democratas que enfrentaram a maior barbárie que este país já vivenciou em seu solo, que é a violência de Estado executada pela Ditadura Militar. No ano que completamos 50 anos de vivência deste triste capítulo, é importante que tenhamos em nossos corações e mentes uma posição muito clara: que nunca se repita o que ocorreu em 1964.

E é desta reflexão que chamamos a atenção para o foco da luta legítima de nossa sociedade, que toma as ruas sem violência e, de forma pacífica, reivindica mais direitos. É por conta desta liberdade conquistada com muito esforço que devemos contrapor, em voz uníssona, todos aqueles que irresponsavelmente se utilizam de instrumentos que podem gerar danos ou mesmo a morte. Essas ações não tem o apoio da maioria, afastam o estudante, o trabalhador e o movimento social das ruas e desvirtua a pauta que deve protagonizar as manifestações. Expressamos por isso nossa solidariedade à família e amigos de Santiago

Mas não podemos em nenhuma hipótese aceitar que, a ação dessas minorias sirva à manipulação e justifique o fortalecimento de uma direita reacionária e a aprovação de leis restritivas à liberdade e democracia, como a chamada “Lei Antiterrorismo”, baseada em leis fascistas internacionais, cujo objetivo central seja a criminalizarão da atuação política e dos movimentos sociais. Precisamos investigar e punir culpados pela morte de pessoas, mas isto deve valer também para o violência de Estado que ceifa vidas quase que diariamente, sem repercussão na mídia, dando segmento à ideologia de Segurança nacional. Devemos ainda voltar nossos olhos e esforços para combater aqueles que alimentam a “cultura da barbárie”, que teimam em fazer justiça seja pelas próprias mãos – e pela própria ótica – agredindo gays, índios, e moradores de ruas, minorias de uma jovem nação como a nossa.

Nossa luta é pela democracia, pela liberdade de expressão, de manifestação, de comunicação e de organização, mantendo o povo nas ruas, junto de suas pautas. Não podemos dar conforto aos que não conseguem viver com a democracia e objetiva impedir as vozes do povo.

Nossa solidariedade a todos aqueles que lutam pela liberdade, sem violência de parte alguma, seja de provocadores, seja de Estado – esta última, sem traço algum de igualdade com outras formas de violência.

¹Médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e líder da bancada na Câmara dos Deputados