Tarifaço de Trump: bolsonaristas são acusados de traidores da pátria
Enquanto parlamentares bolsonaristas aplaudem o tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil, os parlamentares da base de apoio do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são taxativos: quem apoia a medida é traidor da pátria.
“Quem é patriota não é quem bate continência para a bandeira dos EUA, patriota brasileiro tem que defender os interesses do Brasil, de maneira soberana e autônoma. E o governo brasileiro tem todo o nosso apoio para tomar as medidas que achar necessário para os interesses da economia brasileira e dos nossos interesses comerciais”, reagiu o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE).
Para ele, o Brasil não pode abrir mão de um milímetro da sua soberania. “É lamentável ver o presidente dos EUA, o Trump, desrespeitar a diplomacia, a lógica e os interesses econômicos de outros países. O Brasil está preparado. O Congresso Nacional aprovou uma lei que nos dá condições de reagir a qualquer retaliação com autonomia, soberania e altivez”, diz.
O vice-líder do governo no Congresso, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), diz que o Brasil não aceitará a tutela de ninguém. “A tarifa adicional de 50% que Trump impôs ao Brasil, em uma carta exigindo o fim do julgamento de Bolsonaro, é um ato inaceitável. Nossa soberania não está à venda, não é negociável. O presidente dos EUA não é o xerife do mundo”, disse.
“Os mesmos lambe-botas que bradam ser ‘patriotas’ defendem e articulam com Trump sanções e tarifas que atacam nossa soberania e prejudicam a economia. Não vão intimidar o Supremo Tribunal Federal nem enganar o povo brasileiro. Quem tentou dar golpe no país tem que ser responsabilizado, aqui e lá fora”, afirma a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
A deputada Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) diz que o governo brasileiro e o Congresso reagiram com firmeza à tentativa de Donald Trump de interferir na política do país. “A ofensiva ainda se apoia em mentiras sobre um suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil e tenta influenciar o processo judicial contra os golpistas de 8 de janeiro, algo que é exclusivamente da Justiça brasileira”, considera.
Na avaliação da deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), a medida é totalmente desproporcional e inaceitável. “É uma forma de demonstrar o seu apoio ao inelegível Bolsonaro. Os golpistas se unem para atacar o Brasil. O nosso país é soberano! O governo precisa dar uma resposta à altura. Não vamos nos curvar para nenhum fascista”, diz a deputada.
“Esse ataque de Trump com tarifaço e, o que é mais grave, com argumentação política que ataca as nossas instituições, como o Supremo Tribunal Federal, ataca a nossa democracia, desrespeitando a vontade popular, que elegeu o presidente Lula, é mais um momento que divide a nação brasileira nestes dois blocos”, avalia o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
“Em cena a luta dos patriotas contra os traidores da pátria. Nessa luta histórica o Brasil vencerá!”, resumiu o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).
Tarcísio
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou a posição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de que Lula colocou a ideologia acima dos interesses do Brasil.
“Quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil. Pensam apenas no proveito político que esperam tirar da chantagem do presidente dos EUA, porque nunca se importaram de verdade com o país e o povo. Estamos diante do maior ataque já feito ao Brasil em tempos de paz, visando a atingir não apenas nossa economia, mas a soberania nacional e a própria democracia”, responde.
Para ela, a medida é a continuação do golpe pelo qual Bolsonaro responde no STF, agora usando tarifas de um país estrangeiro para impor seu projeto ditatorial. “É nessa hora que uma nação distingue os patriotas dos traidores”, diz.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), diz que o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém. “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, disse.