Deputados do PCdoB criticaram a postura norte-americana de vetar a proposta do Brasil de pausa nos ataques em Gaza e abertura de corredores humanitários na região. Isso porque, na quarta-feira (18), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitou o texto proposto pelo Brasil sobre o cessar-fogo na Faixa de Gaza, após veto dos Estados Unidos.

Atual presidente rotativo do Conselho de Segurança, o Brasil havia elaborado uma resolução que seria a primeira manifestação formal do órgão da ONU sobre o conflito no Oriente Médio, mas os EUA votaram contra a proposta e, como o país tem poder de veto, o texto foi integralmente reprovado. Uma nova versão será agora elaborada, ainda sem prazo, segundo o Itamaraty.

Brasil; China; França; Albânia; Equador; Gabão; Gana; Japão; Malta; Moçambique; Suíça e Emirados Árabes Unidos votaram pela proposta brasileira. Rússia e Reino Unido se abstiveram, e apenas os Estados Unidos votaram contra.

“Em todo o mundo, crescem os protestos contra o massacre sofrido pelo povo palestino. Doze países votaram a favor da resolução, dois se abstiveram e apenas EUA votaram contra. Enquanto o mundo se une pela paz, este veto mantém ativo o massacre israelense. Dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza, que hoje se encontram entre a morte por bombardeios e o desterro no deserto, metade são crianças. A vida de seres humanos deve estar acima de interesses geopolíticos. Este imperialismo caduco precisa ser superado, em busca de um mundo em que todos tenham voz e vez – e com a Palestina segura e livre”, afirmou a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ).

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também se manifestou sobre o assunto. Para ele, a proposta brasileira de cessar-fogo e criação de corredor humanitário para salvar vidas de civis em Gaza é correta e condizente com a defesa da paz.

“É lamentável o veto isolado dos Estados Unidos, deixando clara a sua falta de compromisso com uma solução que garanta o fim das hostilidades. Com o veto, os EUA passam a ter responsabilidade direta nos horrores que vierem a recair sobre a população civil”, afirmou o deputado Orlando.

Para ele, no momento em que a “insanidade” da guerra atinge até hospitais e escolas, fazendo vítimas às centenas, cabe à comunidade internacional e seus órgãos multilaterais condenar o terrorismo e, sobretudo, exigir respeito ao direito internacional, aos direitos humanos, condenar os crimes de guerra e o uso desproporcional da força, pressionando para que se abra caminho à paz. “O governo brasileiro tem feito sua parte, coerente com o histórico diplomático de respeito ao multilateralismo e solução pacífica de conflitos”, lembrou.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) afirmou que com o veto, “os EUA dizem sim à guerra e ao massacre de palestinos em Gaza”.

Para o vice-líder do Governo no Congresso, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), “é mais que necessária que a comunidade internacional desenvolva uma união e tenha uma ação rápida em meio às catástrofes humanitárias que vivemos”.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (18) comentou o veto dos Estados Unidos.

“Depois de intensas e múltiplas consultas, apresentamos um texto que foi aceito por 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança. Esse texto focava basicamente na cessação das hostilidades, em um aspecto humanitário, criando uma passagem humanitária para que pudessem sair os nacionais de terceiros países que estavam lá – como nossos 32 brasileiros – e que também estabelecia a possibilidade de envio de ajuda humanitária. Infelizmente não foi possível aprovar essa resolução. Ficou clara uma divisão de opiniões. Mas acho que do nosso ponto de vista, da nossa presidência e como governo brasileiro, fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades, que se parasse com os sacrifícios humanos e que pudesse dar algum tipo de assistência aos locais, aos brasileiros que estão ainda na Faixa de Gaza”, declarou Vieira.