“Não existe correção para aquilo que não é erro. Não existe cura para o que não é doença. Nós existimos e resistiremos! Essa covardia não vai me fazer recuar na minha atuação política, nas minhas posições. Não vamos nos curvar.” O trecho do discurso da deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) no Plenário da Câmara traz o tom da resposta às ameaças recebidas pela parlamentar no último dia 14 de agosto.

Daiana denunciou na tribuna o recebimento de e-mail com conteúdo lesbofóbico e com ameaças de morte e estupro corretivo. Ameaças similares foram feitas a outras parlamentares lésbicas recentemente.

A deputada registrou um boletim de ocorrência, na tarde desta terça-feira (22), na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Descriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou Com Deficiência (Decrin), em Brasília (DF). Conforme salienta, a motivação do crime relaciona-se à sua orientação sexual – ela é a primeira deputada assumidamente lésbica eleita no Rio Grande do Sul.

“Não vai ter retrocesso. Trazemos a necessidade da vida concreta de uma parcela significativa da população que não vai se curvar diante de ameaças. Não aceitaremos essas covardias!”, afirmou.

Em um dos trechos da mensagem, o autor pontua o estupro corretivo como “terapia” que “cura o homossexualismo feminino” e fala que iria na casa da deputada para realizar a “terapia”. Afirma, ainda, que ser “sapatão” seria uma aberração.

A parlamentar pede que as ameaças sejam investigadas e seus autores responsabilizados.

“Esse tipo de ameaça precisa ser investigada e esses covardes responsabilizados. Essa tentativa de intimidação demonstra mais uma vez a necessidade de o Estado brasileiro proteger as nossas vidas, no país que mais mata LGBTIs no mundo. Não vamos recuar na luta pelos nossos direitos”, afirmou.

Para a parlamentar, o envio das ameaças no mês da visibilidade lésbica não é coincidência. Entre outras ações referentes à pauta, a deputada vai promover, em 29 de agosto, a primeira sessão solene do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica na Câmara dos Deputados.