O caso das pedras preciosas secretas recebidas por Michelle e Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2022 voltou à pauta da reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Nesta terça-feira (8), durante a reunião do colegiado, deputado aliado de Bolsonaro tentou minimizar o caso e emplacar a tese de que a denúncia trazida na última semana pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) não passava de “fake news”.

Na última semana, a deputada Jandira Feghali revelou que segundo dados da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no dia 26 de outubro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro receberam, respectivamente, um envelope e uma caixa contendo pedras preciosas. Os presentes, segundo os e-mails recebidos pela CPMI, não deveriam ser cadastrados e não constam na lista de 46 páginas e 1.055 itens recebidos durante o mandato de Bolsonaro. O caso foi levado por parlamentares ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal de Contas da União e incomodou bolsonaristas, que utilizaram a reunião desta terça-feira para atacar a parlamentar.

“Sem argumentos diante dos fatos criminosos, os bolsonaristas só sabem gritar: “fake news”. Mas a prática de usar a mentira é deles, não faz parte da minha trajetória, nem da minha prática. A verdade é que não há “narrativa” que justifique as pedras preciosas (eles é que falam em joias e diamantes!) que Bolsonaro e Michelle “malocaram” em Teófilo Otoni”, afirmou a parlamentar.

Jandira reiterou que quando mencionou as pedras preciosas, na última reunião do colegiado, fazia menção a e-mails institucionais, que sequer poderiam ser sigilosos.

“Esses e-mails institucionais expressam, declaram e provam que houve uma atitude de esconder presentes do presidente Bolsonaro e da sua primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que receberam pedras preciosas – e assim estava escrito no e-mail – que foram escondidas no cofre grande – e não era para cadastrar – e que deveriam ser entregues em mãos ao sr. Maurício Cid”, destacou.

A parlamentar lembrou que de acordo com o código de ética do funcionalismo público, nenhum servidor da União pode receber vantagem, o que inclui não receber brindes com valor superior a R$ 100.

“Acima de R$ 100 – pode ser R$ 101, pode ser R$ 400, pode ser R$ 1 milhão, R$ 5 milhões -, é crime! Presente pessoal é até R$ 100, isso é lei. Então, o crime está provado. Resta saber que pedras eram essas. Se era tão barato, por que não registrou? Tem boné registrado. Por que não registrou as pedras se elas eram tão pouco válidas, tão pouco importantes? Tem que esclarecer. Esse crime vai ter que ser apurado: o destino das pedras e para onde foi esse dinheiro”, reiterou Jandira.