Ato marca defesa de deputadas ameaçadas de cassação
A tarde desta terça-feira (4) foi marcada por um ato realizado pela Frente Feminista e Antirracista em defesa dos mandatos das deputadas Célia Xakriabá (PSol-MG), Sâmia Bomfim (PSol-SP), Talíria Petrone (PSol-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSol-RS) e Juliana Cardoso (PT-SP). Elas enfrentam uma ofensiva bolsonarista contra seus mandatos no Conselho de Ética da Câmara e desde então denunciam a tentativa do PL, autor das representações, de calar as vozes de parlamentares mulheres de esquerda.
Deputadas do PCdoB participaram do ato e condenaram a perseguição política e a violência de gênero. As seis representações foram protocoladas em junho pelo PL, após o atropelo para votação da urgência do projeto que prevê um marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Após a votação, as deputadas, que haviam sido provocadas por parlamentares ligados ao agronegócio, os chamaram de “assassinos” por terem votado favoravelmente à aceleração da tramitação da matéria e comemorado sua aprovação.
“Elas atuaram numa sessão da Câmara quando um crime enorme ia se cometendo, que era a votação do marco temporal. Aí, sim, um grande crime contra os povos originários e as expressões usadas representavam a indignação pela violência maior que estava sendo cometida naquela votação. As coisas têm tamanho e reação diante do crime que ia se cometendo contra os povos indígenas brasileiros. Então, a gente tem que analisar as coisas no contexto e aquele contexto colocou as parlamentares e todas nós numa posição de indignação. Não há crime. Portanto, não há como se aceitar a cassação da soberania do voto popular. Esses processos [no Conselho de Ética] não se sustentam. Essa violência política de gênero, sim, é crime. Tem lei aprovada e nós precisamos levantar essa lei dentro do Parlamento. Não podemos permitir que esse precedente se estabeleça aqui”, afirmou a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ).
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) não houve crime ou qualquer ação que justificasse os processos no Conselho de Ética. Ela enfatizou, no entanto, que a presença feminina progressista incomoda.
“É a primeira vez que chegamos a um marco de 91 mulheres na Câmara dos Deputados. É uma realidade que foi conquistada com muita luta e que não se deu pacificamente. Então, sem dúvida, o incômodo da presença feminina é gigante e nós sabemos que não somos todas iguais. Naquele Plenário há mulheres de direita que querem cassar as mulheres da luta popular. Mas, objetivamente, não houve crime. Não havia qualquer questão legal, regimental que justificasse a entrada com o processo no Conselho de Ética. Coisas muito piores têm sido feitas e nada acontece. E isso nos aflige, porque esses processos são completamente vazios de razão, de fatos objetivos. Por isso, não podemos vacilar. Se essas vozes forem perdidas, perdem as mulheres, perde o povo brasileiro. Por isso, dizemos em alto e bom som: Elas ficam”, destacou a parlamentar.