Endividamento das famílias é o mais alto desde 2010
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que 77,7% das famílias brasileiras possuíam ao menos uma dívida em atraso ao longo do mês de abril. O nível, que alcança três de cada dez famílias, é o mais alto já registrado desde 2010, quando a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) começou a ser realizada.
De acordo com o levantamento, o índice subiu 0,2 ponto percentual em abril e 10,2 pontos percentuais em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a parcela das famílias endividadas correspondia a 67,5%.
“O desequilíbrio financeiro das famílias é puxado pelo maior uso do cartão de crédito em meio a essa crise econômica, política e social sem precedentes no país. O governo Bolsonaro está afundando a economia nacional. É urgente que retomemos a geração de empregos e de renda para os trabalhadores. Só assim conseguiremos garantir um futuro melhor para os brasileiros”, comentou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE).
Segundo o estudo, o endividamento no cartão de crédito foi a única modalidade que apresentou aumento em abril, representando 88,8% de famílias com dívidas, revelando que o endividamento está ocorrendo essencialmente no consumo de curto prazo.
A parcela da população com dívidas ou contas em atraso também alcançou o maior patamar histórico, atingindo 28,6% do total de famílias, uma alta de 0,8 ponto percentual na passagem mensal e de 4,3 pontos acima do registrado em abril de 2021. O índice também é 4,4 pontos percentuais maior que o registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19.
Segundo o levantamento, o endividamento cresceu em todas as faixas de renda, incluindo os segmentos mais abastados. “Com 74,5% das famílias mais abastadas endividadas, o percentual é o maior da série histórica da pesquisa, registrando alta de 0,8 p.p., na comparação com março, e 11,4 p.p. na comparação com abril de 2021, o maior crescimento anual já observado. No grupo com renda até dez salários mínimos, o percentual de endividados chegou a 78,6%, subindo 0,1 p.p., em relação a março, e 10 p.p. em relação a abril de 2021”, destaca o informe da CNC.
Entre o grupo de menor renda, o indicador alcançou 31,9% das famílias, o maior nível histórico. Já entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o percentual também aumentou e alcançou 13,5% de famílias, o maior percentual desde abril de 2016.