Bolsonaro é o pai da fome, dizem deputados
Estudo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) aponta que a inflação dos alimentos que compõem a cesta básica disparou em março no Brasil. Saiu de 13% para 21% no acumulado de 12 meses.
De acordo a pesquisa, a alta da cesta básica reflete uma combinação de fatores, como as alterações climáticas no país – chuvas fortes do Sudeste e seca no Sul danificaram plantações -; guerra entre Rússia e Ucrânia, que aumentou as cotações do trigo; e a disparada dos combustíveis em março, que eleva os custos com transporte de mercadorias, incluindo a comida.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) comentou o resultado da pesquisa em suas redes e afirmou que os aumentos são um “descalabro”. “Inflação descontrolada! Pesquisa da PUC/PR mostra que a inflação de alimentos da cesta básica chegou a 21% no acumulado de 12 meses. O tomate subiu 95%, o café 65%, a batata 27% e o óleo de soja 24%. É um descalabro! Já tivemos o "pai dos pobres". Bolsonaro é o pai da fome!”, disparou.
Segundo a pesquisa, na passagem de fevereiro para março, a inflação da cesta básica acelerou de 2,02% para 5,27% no Brasil. Assim, a alta acumulada em 12 meses também teve um salto: de 12,67% para 21,46%. A variação mais recente corresponde a quase o dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 12 meses até março, o índice geral acumulou inflação de 11,30%, a mais intensa desde outubro de 2003 (13,98%).
"Uma inflação acima de 20%, como a da cesta básica, impressiona. Afeta todos os brasileiros. Mas são as classes com renda mais baixa que sentem mais. Elas estão empobrecendo", disse o economista Jackson Bittencourt, coordenador do curso de economia da PUC-PR, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
O impacto da inflação na vida dos brasileiros também foi avaliada em outro estudo. O boletim “Desigualdade nas Metrópoles”, produzido por pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social da América Latina, destacou que a renda dos brasileiros caiu ao menor nível em 10 anos.
“Nós todos estamos mais pobres. Triste realidade estimulada pelo governo Bolsonaro. Embora as pesquisas oficiais apontem para o aumento da ocupação, os altos níveis de informalidade e a inflação tiveram como consequência o empobrecimento da população de todas as classes sociais. É um absurdo!”, afirmou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE).
O levantamento se baseia em dados da Pnad Contínua trimestral, do IBGE, e comprova que a média da renda dos brasileiros, que vivem em regiões metropolitanas, ficou em R$ 1.378 no último trimestre de 2021.
Segundo os pesquisadores, a perda de renda é resultado do impacto da inflação. Em março, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,95%, a maior subida para um mês de março desde 2015. O preço dos alimentos foi o que mais pesou.