O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, no caso de favorecimento de pastores na distribuição de verbas do MEC. Apesar de Ribeiro deixar claro no áudio que o esquema é fruto de pedido de Jair Bolsonaro, Aras ignorou a menção ao presidente e pediu a investigação apenas do ministro. 

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) criticou o “esquecimento” de Aras, que tem blindado Jair Bolsonaro em diversas investigações. “A PGR resolveu se mexer e abriu inquérito para investigar Milton Ribeiro. Aras, por um lapso qualquer, esqueceu de pedir a investigação de Bolsonaro, a quem o ministro envolve nominalmente. Quem sabe em 2023…”, ironizou.

Após a divulgação do escândalo, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que a abertura de inquérito contra Ribeiro é “o mínimo” a ser feito. “Finalmente a PGR pediu ao STF a abertura de inquérito contra o ministro da Educação. Investigar é o mínimo depois do vazamento de áudios em que ele admite favorecer pastores evangélicos na distribuição de verbas do MEC a pedido de Bolsonaro. O MEC não é um balcão de negócios!”, pontuou.

O esquema foi revelado pela imprensa e gerou repúdio de aliados do governo e de opositores, além de mobilização de entidades ligadas à educação.

O pedido de Aras também inclui a apuração de pedido de propina em ouro para liberação de recursos do MEC. Segundo o prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense de Luis Domingues, um dos pastores que negociam transferências de recursos federais para prefeituras pediu 1 kg de ouro para conseguir liberar verbas de obras de educação para a cidade.

Para Orlando Silva, a cobrança em ouro explica a obsessão de Bolsonaro em liberar mineração em terra indígena. O tema tem ganhado relevância no Parlamento, com pressão da base bolsonarista, nas últimas semanas e sempre esteve na pauta do presidente da República.

“Corrupção tabelada em ouro! Tá explicada a obsessão do Bolsonaro em liberar o garimpo em terra indígena…”, ironizou Orlando. “Quer dizer que o pastor picareta cobrou 1 Kg de OURO para aprovar a liberação de dinheiro no MEC? É muita fé mesmo. Fé na roubalheira e na impunidade. Bem a cara da quadrilha Bolsonaro! Se procurar direito, vão achar rachadinha nesse dízimo…”, completou o parlamentar em referência aos esquemas que envolvem a família Bolsonaro.

Além do ministro, o PGR pretende ouvir os pastores citados e prefeitos que teriam sido beneficiados com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).