O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), designou um parlamentar de oposição ao governo Bolsonaro – Orlando Silva (PCdoB-SP) – para relatar o pedido de reconhecimento de estado de calamidade pública no país por conta da epidemia de coronavírus. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (18), Maia afirmou que as “disputas políticas não interessam agora” e que além da aprovação do pedido do governo, os parlamentares incluirão uma comissão para acompanhar os gastos do governo.

Segundo Orlando Silva, a decisão de Maia ao indica-lo é simbólica para demonstrar que a Oposição “está pronta para apoiar todas as medidas que signifiquem combate ao coronavírus”. No entanto, o relator da matéria reiterou que a aprovação do pedido de calamidade pública não será um cheque em branco para o governo.

“Não vamos oferecer um cheque em branco, mas um cheque especial, com crédito infinito, e que o governo precisa ter responsabilidade para utilizar o recurso. E para acompanhar esses gastos, criamos uma comissão mista que terá reuniões periódicas com o ministro da Economia”, explicou Orlando.

A proposta do relator é que a comissão seja composta por seis deputados e seis senadores, com igual número de suplentes. O grupo terá a missão de acompanhar a evolução da execução orçamentária e financeira das medidas relativas ao combate do coronavírus. Segundo Orlando, a expectativa é de que os gastos sejam feitos em medidas sanitárias e de caráter econômico que tenham impacto na vida das pessoas.

Para a líder da Minoria em exercício, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o pedido de reconhecimento do estado de calamidade pública é resultado da pressão do Congresso e da população, sobretudo após as demonstrações de descaso de Jair Bolsonaro com a pandemia de coronavírus.

A parlamentar reforçou que o Congresso está tentando aprovar ainda o tabelamento de produtos de necessidades básicas nesse momento, como máscaras e álcool em gel. “Os preços estão subindo e estamos preocupados com as comunidades populares, que não têm como separar os cômodos ou gastar seu dinheiro com esses produtos”, disse.

Jandira anunciou ainda que legendas de oposição estão trabalhando em um projeto global de proteção de renda. O texto deve ser apresentado na próxima semana.

Já a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), afirmou que a união de base e Oposição esta semana demonstra “uma vontade de todo mundo em ajudar a população”. A parlamentar, no entanto, não deixou de criticar o governo Bolsonaro e cobrar mais responsabilidade em suas ações.

“Parece que se trabalha com dois governos. Primeiro, o governo diz que se criou uma histeria, depois manda ao Congresso esse pedido de calamidade. É uma maluquice. Nós vamos aprovar este pedido, mas Bolsonaro precisa tomar decisões que outros países tomaram e assumir, por exemplo, a conta de água, de luz, do gás, pagar as pessoas que vivem de vender coisas na rua, aumentar o leque de pessoas que recebem o Bolsa Família, porque em momentos como esse, um vidrinho de álcool gel aumentou e a população não pode compar. A comida aumentou. Então, esperamos que haja responsabilidade desse governo daqui pra frente”, destacou.