Um dia antes da votação da denúncia contra Michel Temer na Câmara dos Deputados, parlamentares da Oposição se reuniram para unificar as ações em Plenário. De acordo com o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE), o rito estabelecido pela Mesa Diretora será questionado, pois os deputados entendem que é preciso garantir transparência ao processo de votação.

“Não aceitaremos o rito divulgado. Vamos cobrar do presidente Rodrigo Maia aquilo que havia sido acordado conosco, ou seja, que este rito seria discutido. Não queremos votar sem transparência, de forma acelerada. Não é razoável que uma situação grave como esta seja tratada sem acompanhamento da sociedade e sem seguir o regimento da Casa”, disse Guimarães em coletiva.

A proposta apresentada pela Mesa Diretora da Câmara pode impedir o pronunciamento dos 513 parlamentares. O documento estabelece que os oradores inscritos para discussão do parecer aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania poderão usar a palavra por cinco minutos, mas após quatro oradores – sendo dois favoráveis e dois contrários – pode-se pedir o encerramento da discussão, desde que haja, ao menos, 257 deputados com registro no painel.

Uma das dúvidas, porém, continuou sem resposta. Questionado se os deputados dariam quórum à sessão, Guimarães afirmou que “dependerá da avaliação do momento”, mas garantiu que a Oposição já é maioria. “Já temos a maioria de votos, mesmo com o governo tendo montado um verdadeiro balcão de negócios”, disse.

A "compra de votos" tem sido uma das estratégias usadas pelo governo para garantir apoio em suas causas. Desde a divulgação da delação da JBS, no fim de maio, Temer já liberou mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares, o que representa 97% do total empenhado no ano. Embora o pagamento da maior parte das emendas tenha se tornado obrigatório desde 2015, o ritmo de liberação é definido pelo governo.

Para a líder comunista, deputada Alice Portugal (BA), o peemedebista está desvirtuando um mecanismo legítimo que os parlamentares têm para ajudar em suas bases.

“As emendas são legítimas, mas o que está se fazendo é um verdadeiro balcão de negócios. Montou-se a tenda no Palácio do Planalto e transformou-se emendas em moedas de troca. Lamentavelmente há uma distorção nisso tudo, o que acabará por desmoralizar esse mecanismo de atendimento social. É dramático, mas está havendo a prostituição do papel do parlamentar, usando a emenda como elemento de pagamento a determinadas posições políticas. Isso é um absurdo. Por isso, exigimos que os deputados ponham a cara nesse painel”, afirmou.