Nesta quarta-feira (8), aproximadamente dois mil agentes se concentraram em frente ao Congresso Nacional para protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/16, que modifica as regras atuais da Previdência Social.

Vestidos de negro, em sinal de luto, os policiais colocaram lápides e cruzes no gramado do Congresso como forma de protesto. De acordo com a categoria, caso a reforma avance, policiais perderão o status de “profissão de risco” e também a aposentadoria especial, garantida para esse tipo de atividade.

A nova regra, encaminhada pelo governo Temer no final de 2016, fixa idade mínima de 65 anos para a aposentadoria e 25 anos de contribuição. A norma vale para homens e mulheres com menos de 50 e de 45 anos, respectivamente.

Policiais civis e federais passam a ser enquadrados como servidores públicos e também entram na nova regra geral, mas com transição diferenciada. Já no caso de policiais militares e bombeiros, caberá aos estados propor legislação estadual.

Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, a reforma é injusta porque desconsidera o dia a dia do policial.

“Na prática, para o policial, elimina o direito à aposentadoria. Nós não teremos policiais aposentados porque a expectativa de vida é menor do que a idade mínima proposta pelo governo. Ou seja, nós temos certeza de que o Congresso vai mudar essa proposta e adequá-la à realidade”, defende Sobral.

Durante o ato, o deputado Assis Melo (PCdoB-RS) reafirmou o compromisso da Bancada Comunista no combate às propostas de Temer e lembrou que a reforma afetará indiscriminadamente todos os trabalhadores.

“O que querem fazer com vocês não é diferente do que querem fazer com os metalúrgicos, por exemplo. Eu sou metalúrgico e digo que só propõe um ataque e uma reforma desse tipo quem nunca foi pra rua enfrentar a criminalidade ou quem nunca precisou soldar um tanque ou um chassi de ônibus. Só pode propor uma reforma desse tipo, um governo que não passou pelo crivo do voto. E defendo mais.  Um deputado que votar numa reforma dessas está votando contra o trabalhador e a nação”, alertou o parlamentar.

O protesto, no entanto, acabou em tumulto. No final do dia, um grupo de policiais civis tentou invadir o Salão Verde da Câmara dos Deputados, mas os policiais legislativos usaram gás de pimenta para conter a entrada dos manifestantes.