Para ouvir o relato dos portadores da doença e debater soluções, o presidente da Comissão de Legislação Participativa (CLP), deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), promoveu audiência pública nesta semana. “Milhões de pessoas, por todo o mundo, seguem suas vidas sem sequer ter o conhecimento de que são portadoras da doença celíaca. Sem o diagnóstico e o tratamento correto, essas pessoas estão sujeitas a várias complicações de saúde, que podem culminar até mesmo em seu óbito”, destaca Chico Lopes.

De acordo com estudo da Associação dos Celíacos do Brasil, a cada 2 mulheres, um homem é afetado pela intolerância ao glúten, presente em alimentos preparados com trigo, cevada, aveia e centeio. A pesquisa realizada com 500 pessoas aponta, ainda, que 28,7% apresentaram os sintomas. Os resultados revelam uma tendência de diagnóstico da doença celíaca em idades mais avançadas, especialmente entre o público feminino.

A doutora Elda Regina Leite Galvão, assessora técnica da Associação de Celíacos do Mato Grosso do Sul, lembrou a dificuldade enfrentada pelos celíacos para cuidar da promoção da saúde. “O diagnóstico da doença celíaca requer uma mudança de atitude dos hábitos alimentares, uma reeducação alimentar e cuidados no preparo dos alimentos”, disse.

O esclarecimento do público e da classe médica é a principal sugestão da ACB, já que o único tratamento é não consumir alimentos que contêm glúten, pois sua ingestão agride o intestino delgado causando atrofia na mucosa intestinal e consequentemente má absorção dos nutrientes. A doença pode ter consequências graves como câncer de esôfago e intestino.

Segundo a doutora Zaíra Tronco Salerno, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), é necessário elaborar um guia alimentar para o celíaco. “Trata-se de uma doença do intestino delgado e caracteriza-se pela intolerância permanente ao glúten. O único tratamento é a dieta isenta de glúten, por toda a vida”, explicou.

Para o autor do requerimento da audiência, realizada em conjunto com a Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Odorico Monteiro (PROS-CE), secretário de Saúde em quatro municípios de seu Estado, “a doença tem um componente genético forte, é sistêmica e silenciosa. Precisa sair do consultório e ganhar o conhecimento público. Daí a importância de divulgar o que é, seus efeitos e como conviver, já que não tem cura”.

O deputado Chico Lopes, presidente da CLP, propôs a instituição do Dia Nacional da Pessoa com Doença Celíaca, como forma de conscientizar a sociedade e promover novos debates na Casa.