O dia 31 de agosto de 2016 ficará marcado na história do Brasil. Por 61 votos favoráveis contra 20, senadores confirmaram o golpe em curso e aprovaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os parlamentares, no entanto, não conseguiram aprovar o impedimento para funções públicas da petista pelos próximos oito anos. Com isso, Dilma poderá ocupar cargos públicos.

O resultado da votação foi comemorado pelos aliados do presidente interino Michel Temer com o Hino Nacional.
“Este não foi um processo legal. Foi um processo onde prevaleceu única e exclusivamente o desejo dessa maioria que eles formaram para tirar o mandato de uma presidente inocente”, critica a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

A líder da Minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que acompanhou o resultado da votação no Senado ao lado de Dilma junto com outros aliados, afirmou que o sentimento é de tristeza e indignação, mas também de muita vontade de lutar. “Sabemos que condenaram uma inocente. A não inabilitação da Dilma é uma vitória, porque mantém seus direitos políticos. Ela também é o reconhecimento de que foi um golpe. Mas retirá-la do cargo para botar um canalha, usurpador, que vai fazer uma agenda contra o povo e contra o Brasil nós não podemos permitir. Vamos ter que lutar.”

O processo contra Dilma foi concluído nove meses depois de ter tido início na Câmara. Dilma foi afastada por ter editado, em 2015, decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e por ter usado dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro, o que ficou conhecido como “pedaladas fiscais”.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o resultado do impeachment representa o incômodo da elite com o projeto de país que começou a ser implementado desde 2003. “Como dizem na periferia, pra nós nunca foi fácil. Na política, pra gente, também nunca foi. A gente experimentou um projeto, viu que era possível, mas eles não toleraram. O que se viu hoje foi muito ódio, muito incômodo, mas agora é hora de lutar. A esquerda vai ter que parar e pensar o que vai ser daqui para a frente. Vamos ter que montar uma estratégia, porque a agenda deles é pra arrebentar os trabalhadores.”

Pouco mais de uma hora depois do resultado da votação, Dilma fez seu último pronunciamento, onde reforçou que foi vítima de mais um golpe e enalteceu as conquistas de seu governo e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Para ela, essas conquistas é que estão sob ameaça com o comando do peemedebista. “O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Mas a partir de agora lutarei incansavelmente para construir um Brasil ainda melhor.”